Trabalhadores de diferentes categoriais paralisaram suas atividades nesta sexta-feira (30), no Paraná. Os manifestantes protestam contra a proposta de reforma trabalhista e da previdência. Para além da da capital, pelo nos 11 cidades do estado registraram mobilizações: Araucária, Ponta Grossa, Londrina, Foz do Iguaçu, Cascavel, Francisco Beltrão, Campo Mourão, Cascavel, General Carneiro, Medianeira e Paranaguá.
Entre as categorias que paralisaram parcial ou integralmente estão os professores e funcionários da rede estadual de educação; petroleiros e petroquímicos de Araucária, bancários de Curitiba e região; técnicos administrativos das duas universidades federais do Paraná, a UFPR e a UTFPR; funcionários dos correios; e docentes da UFPR.
Trinta e nove agências bancárias também amanheceram em greve, de acordo com o Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região. Cerca de 60% das escolas públicas estaduais aderiram às manifestações, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Publica do Paraná (APP-Sindicato).
Em Curitiba, ao meio dia, cerca de 3 mil pessoas se reuniram na Boca Maldita, no Centro. A mobilização ocorreu a partir da unidade entre centrais sindicais - CUT, CSB, CSP Conlutas, CTB, Força Sindical, Nova Central Sindical e UGT. A atividade também conta com a participação de peso dos professores da Rede Estadual de Educação e de categorias de outros sindicatos e movimentos sociais.
Advogados trabalhistas, servidores, juízes e procuradores saíram em marcha do Fórum da Justiça do Trabalho em direção a Boca Maldita. Cerca de 50 pessoas participaram da caminhada. De acordo com a advogada trabalhista e de direitos humanos, Ivete Caribé, um dos motivos da mobilização é a atual falta de "garantias democráticas e o atual estado de exceção em que estamos vivendo". Segundo ela, um estado de exceção se configura quando a justiça não atende os cidadãos de maneira adequada e a população não acessa seus direitos, o que leva setores progressistas do Judiciário a se manifestarem.
Regina Cruz, presidente da Central Única dos Trabalhadores do Paraná (CUT) e da Frente Brasil Popular, frisou a importância do esforça de unidades entre as Centrais, os movimentos sociais, do campo e da cidade. “São vários bloqueios de rodovia, várias categorias parando, bancários, metalúrgicos, petroleiros e tantas outras na luta hoje”.
Marlei Fernandes, vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e integrante da direção da APP-Sindicato, lembra que a Boca Maldita foi palco de outras lutas históricas da cidade: “Aqui começou todo o processo de ‘Diretas Já’ lá e 1986, e nós estamos hoje reivindicando ‘Diretas’ para tirar esse governo ilegítimo”.
Também na Boca Maldita, outro ato foi mobilizado pelo movimento CWB, a partir das 17h. Após algumas falas no local, os participantes seguiram em caminhada pelo calçadão da rua XV de Novembro.
Metalúrgicos
Metalúrgicos paralisaram por mais de duas horas as atividades de montadoras como a Volvo, Renault, Volkswagen, autopeças, localizadas principalmente da Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba e Região, a categoria paralisou também por algumas horas em Pato Branco, Londrina e Maringá.
“A reforma trabalhista é a grande falácia, o grande engodo desse governo que vai pegar o prejuízo do Brasil, e não vai tirar das grandes fortunas [...], vai pegar o pegar o trabalhador, toda a conta da crise e vai dividir para cada trabalhador pagar o seu quinhão”, disse Gilson Ricardo Santos Batista, trabalhador da Volkswagen de São José dos Pinhais e integrante da direção do Sindicato dos Metalúrgicos.
Trabalhadores da limpeza pública
A base do Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação de Curitiba (Siemaco Curitiba), que envolve trabalhadores terceirizados da limpeza pública, realizou manifestações no estacionamento da Cavo, empresa de serviços e saneamento, no centro da cidade.
Ao longo do dia, integrantes da entidade também devem visitar órgãos públicos e prefeituras, onde estão trabalhadores terceirizados, para distribuir 10 mil fitas verde e amarelas, em referência aos 14 milhões de desempregados no país. Também devem ser entregues materiais sobre a reforma trabalhista e previdência.
Araucária
A Rodovia do Xisto, em Araucária (PR), acaba ser trancada nos dois sentidos. As vias estão próximas ao acesso à Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) e à Fábrica de Fertilizantes do Paraná (Fafen-PR). A ação integra o dia nacional de mobilizações contra as reformas da previdência e trabalhista.
O Sindipetro Paraná e Santa Catarina o Sindiquimica-PR Petroquímicos do Paraná mobilização a ação, que conta também com a participação de professores e municipais de Araucária, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Levante Popular da Juventude.
Os trabalhadores das unidades de refino da Petrobras no Paraná - Repar e a Usina do Xisto (SIX), em São Mateus do Sul - entraram em greve por tempo indeterminado desde zero hora desta sexta-feira (30). O movimento acontece em âmbito nacional e é motivado pela redução de postos de trabalho nas refinarias.
"É um ato pela vida. É um ato nacional contra a retirada de direitos que nos está sendo importa por esse governo ilegítimo, imoral e sem condições para fazer qualquer coisa", afirma Gerson Castellano, diretor do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Petroquímicas do Paraná (Sindiquímica-PR), durante o protesto que tranca a Rodovia do Xisto, em Araucária (PR), nos dois sentidos.
Por volta das 10h, servidores públicos municipais ocuparam a Câmara Municipal da cidade para barrar a votação do projeto de lei 1999/2017, que define um teto para o pagamento das progressões de carreira. Desta forma os servidores só poderão receber seu benefício por meio de precatória, ou seja, terão que entrar na justiça e esperar para receber o dinheiro.
O PL foi votado em primeiro turno nesta quinta-feira (29), e teria nova votação realizada hoje. Após a ocupação da câmara, os vereadores saíram do local e a sessão foi suspensa.
Diretora do Sindicato Dos Servidores de Araucária (Sifar), Ana Patrícia de Oliveira fala que manifestantes devem continuar ocupando o local. “Não vamos sair, porque queremos que invalidem essa seção”. A ação também foi organizada pelo Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Araucária (Sismmar).
As atividades de mobilização previstas para serem realizadas em frente à prefeitura municipal de Araucária foram transferidas para a Câmara, como forma de apoio.
Ponta Grossa
Em Ponta Grossa, manifestantes trancaram a saída dos ônibus dos terminais rodoviários no início da manhã. Segundo o professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa e integrante da Frente Povo Sem Medo, Cláudio Dias, essa foi uma medida de protesto contra as reformas trabalhista e previdenciária propostas pelo governo de Michel Temer, e uma forma de dialogar com a população.
“O único jeito que a gente tem para barrar isso nesse momento é ir para rua, é fechar garagem de ônibus, como aconteceu hoje de madrugada. A gente entende que só assim a gente vai barrar. Não tem como confiar nos três poderes”, avalia. No período da tarde, o protesto continuou com atividades culturais no Palco da Estação Saudade.
Por volta das 8h30, os protestos se concentraram em frente à Igreja dos Polacos, e em seguida os manifestantes seguiram em marcha rumo ao Parque Ambiental. Cerca de 800 pessoas participaram do ato.
Cascavel
Em Cascavel, trabalhadores participaram de seminário sobre reforma trabalhista, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). Manifestações culturais abrem a atividade, que vai contar com a presença do advogado e professor Marcelo Navarro.
A ação é fruto da articulação de entidades que fazem parte do Fórum Sindical de Cascavel. Um ato público também foi realizado em frente ao Núcleo Regional de Educação, mobilizado pela APP-Sindicato.
Londrina
Os dois acessos ao Terminal Central do ônibus de Londrina (PR), Norte do Paraná, foram trancados por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e de outros movimentos e sindicatos. A ação ocorre em solidariedade aos sindicatos que foram proibidos pela Justiça de paralisar as atividades através de um interdito proibitório.
Membro da coordenação estadual do Movimento, José Damasceno fala das ações de mobilização em Londrina, contra as reformas da previdência e trabalhista. “Estamos fazendo esse bloqueio, interagindo com a população, panfletando, discutindo e conscientizando”, diz.
“Tivemos a participação de mais ou menos 200 pessoas, que vieram de assentamentos mais próximos de Londrina e fizemos esse ato em função da greve geral”, relatou Francinara Domingues, integrante do Levante Popular da Juventude, movimento que também participou da manifestação. A ação durou até as 11h30, com distribuição de jornais e batucada.
Ainda pela manhã, a Concha Acústica, Centro da cidade, recebeu um ato unitário contra as reformas. Houve uma caminhada pelo calçadão, com participação de cerca de 700 pessoas. O sambista Seo Nelson, de 90 anos, e o Professor Braga estiveram entre os artistas que se apresentaram ao longo do ato.
A organização foi realizada pelo coletivo Mobiliza Londrina e contou também com a presença de vários grupos e movimentos: representantes dos estudantes secundaristas, Marcha Mundial de Mulheres, Frente de Esquerda de Londrina, Frente Brasil Popular, Consulta Popular, Coletivo de Ação Direta, Levante Popular da Juventude, MST.
Francisco Beltrão
Em Francisco Beltrão, no Sudoeste do estado, cerca de 500 pessoas se unem nas mobilizações contra as propostas de reforma trabalhista e da previdência. Durante a manhã, os manifestantes se reuniram na Agência do INSS, e seguiram em caminhada, em até a Praça Central. A ação foi organizada por dezenas de entidades, movimentos sociais e sindicatos.
Integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens, Rodrigo Zancanaro fala que essas medidas atendem apenas ao interesse das grandes empresas. “Nós trabalhadores e trabalhadoras não nos calaremos. Vamos continuar em luta em defesa dos direitos e da aposentaria”.
Campo Mourão
Manifestantes se concentraram a partir das 9h em frente ao edifício Antares, no calçadão central de Campo Mourão, Centro do Paraná. A ação é organizada pela Frente Brasil Popular da cidade.
General Carneiro
Logo cedo, agricultores da Brigada Contestado, no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e trabalhadores da educação pública, trancaram a BR 153, no município de General Carneiro, localizada no extremo sul do Paraná.
Também ocorreram manifestações em Maringá, Medianeira e Paranaguá.
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*Este conteúdo é resultado da cobertura colaborativa feita por: Carolina Goetten, Davi Macedo, Diedo Sanches, Gabriel Pansardi Ruiz, Giane Paula, Gibran Mendes, Giorgia Prates, Ednubia Ghisi, Franciele Petry Schramm, Júlio Carignano, Luiza Braga, Pedro Carrano, Saori Honorato.
Edição: Brasil de Fato PR | Mauro Ramos