Se dirigir um ônibus no Rio de Janeiro é um grande desafio, imagine ter que dirigir, receber e contar dinheiro, separar o troco e ainda liberar a catraca. O embarque também fica complicado, uma vez que o passageiro tem que esperar de pé o troco, enquanto o ônibus sai em disparado. Situações como essa acontecem todos os dias, quando não são interrompidas por acidentes.
Por isso, não é de hoje que a dupla função de motorista e cobrador incomoda os trabalhadores e os usuários de ônibus. Nesta semana, a votação do projeto de lei do vereador Reimont (PT), que pede o fim da dupla função, foi adiada por uma manobra de Leandro Lyra (Novo). Ele apresentou um texto, para substituir o projeto, com a proposta de acabar com a dupla função diminuindo o preço das passagens pagas com bilhete eletrônico.
“São duas posições distintas. No meu projeto peço que se mantenham os postos de trabalho, na proposta dele, os trabalhadores são descartados. Foi uma atitude covarde, mas não acabou, vamos continuar na luta”, explica Reimont.
A briga continua na Câmara dos Vereadores, sem data para ser resolvida, enquanto rodoviários tem urgência para que a situação seja solucionada. A cobradora Maura Nascimento explica que ficou desempregada por mais de um ano por conta do cortes de cobradores das empresas de ônibus.
“Tive que sair de casa para morar em um lugar emprestado. Tenho muitos colegas na mesma situação. O desemprego não para de crescer, as empresas só querem mandar os cobradores embora e colocar a vida das pessoas em risco, com motoristas fazendo a dupla função”, afirma.
Edição: Vivian Virissimo