Depois da Justiça do Rio autorizar o aumento das passagens de ônibus na cidade, de R$ 3,80 para R$ 3,95, a Prefeitura do Rio entrou com recurso contra o reajuste. O novo preço passa a valer a partir desta terça (6), 11 dias depois da prefeitura ter sido comunicada oficialmente. Procurada pelo Brasil de Fato, a assessoria de imprensa da Procuradoria Geral do Município (PGM) não confirmou a informação. A prefeitura espera paralisar judicialmente o aumento.
Para evitar o reajuste, que representa uma tarifa 3,9% mais cara, além do recurso da prefeitura, o vereador Tarcísio Mota (Psol) também protocolou uma ação no Ministério Público Estadual.
“Não podemos confiar na decisão da justiça e nem no Crivella. Por isso, convocamos uma manifestação. As empresas de ônibus estão fazendo o que querem. No ano passado, o aumento foi 21,9% acima da inflação. Agora esse percentual, que já é exorbitante, vai ficar ainda maior”, afirma José Abraão, militante do MPL.
O ato contra aumento das passagens vai acontecer na quinta-feira (8), a partir as 17h, na Candelária. O evento da manifestação no Facebook tem quase 3 mil pessoas interessadas. De acordo com José, a expectativa é que seja um grande protesto. “As pessoas estão sendo golpeadas por todos os lados, não estão aguentando mais”, garante.
Na última semana, o prefeito Marcelo Crivella (PRB) fez uma declaração pública pedindo que os empresários tenham bom senso e mantenham o valor da passagem, já que o desemprego não para de crescer na cidade. Disse ainda que as empresas de transporte não cumpriram a decisão judicial de garantir ar-condicionado em toda a frota e que o BRT gerou uma redução de custos para os empresários.
“Tem uns seis meses que o Crivella só fala que está resolvendo. Está pior do que serviço de telemarketing. A prefeitura tinha que quebrar o contrato porque as empresas não estão cumprindo há anos. O serviço dos ônibus no Rio é péssimo. Aqui em Jacarepaguá, 54 linhas foram cortadas e o BRT não consegue dar conta. Tem ainda muitos lugares que os ônibus não chegam ou param de passar em certo horário”, explica o advogado Charles Costa, membro do movimento “Luta pelo Transporte Jacarepaguá”.
O movimento foi criado por um grupo de moradores do bairro da zona oeste para discutir e reivindicar melhorias para o sistema de transporte público do Rio. “Esse é mais um aumento que vai pesar seriamente no bolso do trabalhador. Somos nós que pagamos a conta sempre e não é justo. Por isso temos que resistir”, complementa Charles.
As empresas de ônibus do Rio, representadas pelos consórcios Internorte, Intersul, Santa Cruz e Transcarioca, alegam que vêm sendo prejudicadas pela prefeitura por conta da ampliação de gratuidades, congelamento do reajuste entre 2012 e 2014 e pela autorização de circulação de vans em itinerários parecidos aos percorridos pelos ônibus.
“Esses empresários ainda não perceberam que a passagem mais cara gera um ciclo que faz mal a todo mundo. Menos pessoas utilizam os ônibus e, por isso, aumenta o desemprego. Com menos passagens vendidas, eles querem reduzir os custos, demitindo os trabalhadores e cortando linhas de ônibus. O resultado são viagens lotadas e caras”, acrescenta José Abraão.
Edição: Vivian Virissimo