As centrais sindicais e as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo esperam mobilizar pelo menos 80 mil pessoas no "Ocupe Brasília", série de manifestações que ocorrerá nesta quarta-feira (24).
O ato, que tem como principais pautas o afastamento do presidente golpista Michel Temer e a reivindicação de eleições diretas, pretende ser uma marcha unificada contra o presidente, que, em entrevista para a Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (22), afirmou que se os seus opositores não quiserem ele no governo, deveriam derrubá-lo.
O presidente foi denunciado por escândalos de corrupção na última quarta-feira (17), após o vazamento da gravação de uma conversa com um dos donos da empresa JBS, Joesley Batista.
Para a integrante da Executiva Nacional da Central Única de Trabalhadores (CUT) de Brasília, Janeslei Aparecida Albuquerque, as mobilizações, infladas pelas críticas aos desmontes trabalhistas propostos, podem confirmar a provocação de Temer.
"A gente pode classificar de várias formas a entrevista de Temer, mas para não ser deselegante, eu diria que foi patética. Ele nunca teve legitimidade, não em nunca terá.Temos muita perspectiva que as mobilizações sejam maiores do que as previstas inicialmente, por conta das denúncias. Muitos estão despertando com muita indignação, porque não são alguns direitos trabalhistas, o que estão pretendendo desmontar é o próprio direito do trabalho, qualquer tipo de proteção ao trabalho e ao trabalhador", afirmou.
Segundo Gilmar Mauro, da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), além da mobilização em Brasília, serão organizados atos em diversos estados do país. "A ideia é que ele se estenda para todo o Brasil, todas as capitais, embora Brasília tenha um papel central para que o ato do dia 24 se transforme em um grande 'Fora, Temer'", afirmou.
O MST, um dos movimentos populares responsável pela organização da paralisação, também realizará trancamentos de rodovias em diversas regiões do Brasil. "A ideia é fazer vários fechamentos de rodovias Brasil afora, e a pauta é única: 'Diretas, Já'. No nosso modo de ver, mesmo com o Temer firme dizendo que não sairá, seu governo é insustentável. É o mesmo discurso que o Collor dava tempos atrás, assim como todo presidente na sua situação".
As manifestações acontecerão durante todo o dia 24. Uma agenda de horários e locais de concentração foi divulgada pela CUT e pode ser acessada no site da Frente Brasil Popular.
Edição: Mauro Ramos