O pronunciamento feito pelo presidente golpista Michel Temer (PMDB), em cadeia nacional na tarde desta quinta-feira (18), provocou intensas reações por parte da oposição na Câmara Federal. Para os referidos parlamentares, ao não renunciar, o peemedebista estaria incentivando o aprofundamento das crises política e econômica. Os deputados também apontam que os argumentos utilizados para negar a acusação de que ele teria dado aval para comprar o silêncio do Eduardo Cunha (PMDB-RJ) não convencem a população.
Para o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ), a permanência de Temer no cargo seria uma estratégia para retardar as consequências penais dos crimes cometidos, ao mesmo tempo em que ele ganharia tempo para organizar uma eleição indireta que possa garantir a manutenção do grupo conservador no poder.
"Diante disso, só nos restam duas vias: primeiro, que o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] antecipe o julgamento [da chapa Dilma-Temer] para a próxima semana, casse a chapa e leve o país para eleições diretas; a segunda alternativa seria a cassação pela Câmara, por isso é fundamental que Rodrigo Maia (DEM-RJ) [presidente da Casa] instale o quanto antes a comissão do impeachment", completou Molon.
A declaração é uma referência aos pedidos de impeachment já protocolados na Secretaria-Geral da Mesa Diretora desde quarta (17) à noite, sendo um deles do próprio Molon. Entre os demais, estão um do deputado Joao Henrique Caldas (PSB-AL), um da Rede Sustentabilidade e ainda um pedido conjunto de seis partidos da oposição (PT, PSOL, PCdoB, Rede, PSB e PDT), que protocolaram o documento no final desta tarde. Temer é acusado de cometer crime de responsabilidade e obstrução à Justiça.
Crise
Molon e os demais parlamentares oposicionistas projetam que a não renúncia tende a intensificar o cenário de crise nacional. "É lamentável essa obstinação de Temer em se agarrar ao poder, porque ela vai aprofundar a crise econômica e a instabilidade política. Não há caminho para a recuperação do país que possa passar pelas suas mãos. Ele perdeu todas as condições de conduzir o Brasil", disse o deputado da Rede.
Além de criticar o pronunciamento do chefe do Executivo, o líder da bancada do PSOL, Glauber Braga (RJ), considerou improcedente a argumentação de Temer de que o dinheiro dado a Eduardo Cunha seria uma espécie de "ajuda humanitária". O peemedebista não falou oficialmente sobre isso, mas a informação circula na grande imprensa como uma declaração que teria sido dada por ele a aliados, no intuito de justificar o seu envolvimento no caso.
"Temer não pode acreditar que a população brasileira vai se convencer dessa tese. (...) É insustentável a presença dele à frente Presidência da República e a notícia de que ele não renunciará só vai fazer com que a crise se agrave", finalizou Braga.
Edição: Vivian Fernandes