LAVA JATO

Eduardo Paes e Pezão são alvos de denúncia do ministro Fachin

Os dois políticos do PMDB do Rio foram citados em delação premiada de executivos da Odebrecht

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o governador do estado, Luiz Fernando Pezão são suspeitos de receber propina da Odebrecht
Ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o governador do estado, Luiz Fernando Pezão são suspeitos de receber propina da Odebrecht - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato, encaminhou pedido de investigação do ex-prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e do governador do estado, Luiz Fernando Pezão. Os dois políticos da cúpula do PMDB foram citados em depoimentos de delatores da Odebrecht. 

O ex-prefeito do Rio foi acusado por três executivos da Odebrecht, entre eles, o homem forte do departamento de propinas da empreiteira, Benedicto Barbosa da Silva Júnior. O executivo afirma que Paes teria recebido em 2012, o equivalente a 16 milhões de reais. “Dessa quantia, R$ 11 milhões foram repassados no Brasil e outros R$ 5 milhões por meio de contas bancárias no exterior”, disse.

Ainda segundo os executivos da empreiteira, os valores pagos ao ex-prefeito teriam ligação com o contratos das obras olímpicas da Rio 2016. A Odebrecht, junto com as empreiteiras Andrade Gutierrez e a Carvalho Hosken, fazia parte do consórcio Rio Mais, responsável pela construção do Parque Olímpico.

Ao todo, foram abertos 83 inquéritos contra 108 pessoas no âmbito da operação que investiga um esquema de corrupção na Petrobras.

Investigação

Como Paes não possui foro privilegiado, a denúncia deverá ser encaminhada à primeira instância do Judiciário. Ainda não foi divulgado se o caso será remetido ao juiz Sergio Moro ou à Justiça do Rio.

Outro delator, Leandro Andrade Azevedo, diretor de Infraestrutura da Odebrecht no Rio e braço-direito de Benedicto, afirmou que o ex-prefeito do Rio também teria negociado repasse de outros R$ 3 milhões da Odebrecht, que seriam destinados à campanha a deputado federal de Pedro Paulo (PMDB) em 2010.

O deputado estadual do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo (PSOL), que concorreu ao cargo de prefeito do Rio, nas duas últimas eleições, falou sobre a possível deslealdade na corrida eleitoral. “As campanhas políticas do PMDB no Rio sempre foram as mais caras do Brasil. Esse partido, que comandou o estado por mais de 10 anos, criou um verdadeiro sistema criminoso e levou o Rio à situação de calamidade que se encontra hoje”, destaca Freixo.

O deputado lamentou o prejuízo causado a população fluminense. “Minha maior tristeza não é como político, mas como cidadão. Ver que tudo isso provocou a crise de desemprego, do abandono da saúde e dos salários dos funcionários públicos atrasados”.

Governador Pezão

Benedicto Barbosa da Silva Júnior e Leandro Andrade Azevedo também mencionaram pagamento de propina ao governador Luiz Fernando Pezão. O dinheiro teria sido repassado de duas maneiras. Uma parte entregue pessoalmente e a outra depositada em contas no exterior.

A denúncia foi enviada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e caberá ao tribunal decidir se vai dar prosseguimento ou não às investigações. Esse é o foro que investiga governadores. Não há menção de valores no documento tornado público pelo ministro Edson Fachin.

É válido lembrar que Fachin apenas recomendou a investigação. Mas, são as instâncias responsáveis que determinarão a abertura ou não de um processo. O processo também poderá ser arquivado caso os acusadores não provem as suspeitas.

Respostas dos acusados

Em nota, Paes afirma que é "absurda e mentirosa" a acusação de que teria recebido vantagens indevidas por obras relacionadas aos Jogos Olímpicos. Ele ressalta que nunca teve contas no exterior e que todos os recursos recebidos em sua campanha foram devidamente declarados à Justiça Eleitoral.

Pezão tem reiterado que está colaborando com a Justiça e que outro pedido de investigação contra ele já foi arquivado no STJ. O deputado federal Pedro Paulo também nega as acusações.

Edição: Vivian Virissimo