Crise

Greve geral na Argentina mostra força de trabalhadores contra presidente Macri

Essa é a primeira paralisação nacional durante atual governo; todos os sindicatos de transporte do país paralisaram

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Bloqueio de rua no acesso à cidade de Buenos Aires, na ponte Pueyrredón
Bloqueio de rua no acesso à cidade de Buenos Aires, na ponte Pueyrredón - Reprodução/Resumen Latinoamericano

A capital argentina, Buenos Aires, amanheceu parada nesta quinta-feira (6). A greve geral convocada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT) e pelas Centrais de Trabalho da Argentina (a CTA e a CTA Autônoma) contou com a adesão de todos os sindicatos de trabalhadores em meios de transporte do país, além de diversas categorias, como professores e lixeiros, e grande parte do comércio.

A mobilização é uma resposta às políticas de ajuste econômico implementadas pelo presidente Mauricio Macri, do Cambiemos, coligação neoliberal que governa o país.

Os protestos se inserem em um cenário de 40% de inflação, salários desvalorizados, aumento do desemprego (que subiu dois pontos percentuais) e da pobreza (que atinge 32% da população do país).

Em entrevista coletiva concedida à imprensa, o secretário de imprensa da CGT, Jorge Sola, qualificou a greve como “contundente” em todo o país. Ele também explicou o que levou os trabalhadores a paralisarem: “É uma jornada de lutas e protestos contra uma política econômica que não abarca os trabalhadores e que está atingindo fortemente o poder aquisitivo e a renda dos trabalhadores e da população que está abaixo dos níveis de pobreza. (…) O objetivo é chamar a atenção para que o governo mude a política econômica”.

Pablo Moyano, do sindicato de caminhoneiros, anunciou que se o governo Macri não negociar com os trabalhadores e recuar em suas medidas, haverá continuidade das lutas. “Se seguem provocando e não convocam uma verdadeira mesa de diálogo, isso vai seguir se aprofundando”, afirmou.

Ruas

Todos os sindicatos que representam os trabalhadores de trens, ônibus, metrôs, taxis, micro-ônibus, aviões, caminhões, barcos e mototáxis aderiram à paralisação. As imagens das primeiras horas do dia no país mostram cidades com as ruas vazias.

Desde às 7h, se encontravam bloqueados os principais acessos à cidade de Buenos Aires, com protestos nas pontes Pueyrredón e La Noria, na Panamericana, e também em esquinas importantes da capital, como entre as avenidas Callao e Corrientes. As ações foram promovidas por movimentos populares e organizações políticas.

Na coletiva de imprensa das duas CTAs, o sindicalista Pablo Micheli avaliou que a paralisação teve uma “altíssima” adesão, “superior a 90%”. Sobre a repressão policial que ocorreu contra alguns piquetes e bloqueios de ruas, ele afirma que as centrais repudiam “energicamente a repressão desatada contra alguns piquetes. Mesmo que não tenhamos convocado eles, também não vamos demonizar quem saiu para bloquear ruas. As balas de borracha e o uso de cassetetes [pela polícia] não são a saída”.

Presidência

Por parte do governo, ainda não houve uma declaração oficial em relação à greve geral.

No mesmo dia, o presidente Mauricio Macri participa do World Economic Forum, que ocorre na Hotel Hilton, no bairro argentino de Puerto Madero. Em tom de ironia, ele declarou: “Que bom que estejamos hoje aqui, trabalhando”, mas sem mencionar a greve geral.

*Com informações dos sites Notas Periodismo Popular e Resumen Latinoamericano.

Edição: Vanessa Martina da Silva