Olá, ouvintes do Programa Brasil de Fato.
Hoje eu trago aqui um comentário sobre a reforma da Previdência, que é o assunto do momento em todo o país.
Como nós sabemos, na última quarta-feira, o povo foi às ruas contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287, que instaura a reforma.
Vale ressaltar que, dos mais de um milhão de pessoas que protestaram contra a medida, dez mil eram trabalhadores daqui de Brasília, cidade que não tem tradição de realização de grandes atos. E as manifestações ecoaram no Palácio do Planalto.
Nos bastidores, o que se sabe é que os protestos trouxeram muitas preocupações ao governo.
Eu tenho conversado com muitos deputados e senadores de oposição no Congresso e há um entendimento geral de que a reforma não será aprovada da forma como foi enviada ao Poder Legislativo.
Isso porque existem parlamentares que são aliados do governo com resistência em relação à proposta.
E a explicação para isso está na matemática eleitoral: se votarem a favor, os deputados e senadores sabem que perderão votos nas urnas e podem não se reeleger, afinal, a medida é considerada extremamente impopular.
Essa preocupação deles vem sendo reforçada pelas mobilizações dos sindicatos e movimentos populares, que estão explicando os impactos da mudança das regras da aposentadoria nas regiões onde ficam os eleitores desses parlamentares nos estados.
Um fato de peso nessa disputa é que centenas de Câmaras de Vereadores já aprovaram moções de repúdio à PEC, e isso está repercutindo na Câmara Federal, onde tramita atualmente a proposta.
E um lance curioso é que a gente percebe que a própria mídia tradicional, sempre tão atenta às demandas do Planalto, já começa a aderir à cobertura dos protestos que criticam o governo de Michel Temer.
Foi o que se viu na última quarta, com diversas reportagens que mostraram a insatisfação geral dos trabalhadores.
Um dia depois eu estive num café da manhã que reuniu políticos e entidades contra a PEC e vários deputados comentaram comigo que os protestos acenderam um sinal amarelo nos bastidores do governo.
Eles acreditam que, provavelmente, quem votar a favor da reforma da Previdência e da reforma trabalhista, que também é de interesse do Planalto, não deve conseguir voltar à vida pública.
E é o que a gente espera, não é verdade? Quem vota contra trabalhador tem que lidar com as consequências das suas decisões.
Edição: Brasil de Fato