Em 7 de março de 1990 morria, no Rio de Janeiro, aos 92 anos, Luis Carlos Prestes, o “Cavaleiro da Esperança”. Prestes foi líder do Partido Comunista durante décadas e uma das mais influentes personalidades políticas brasileiras do século 20.
De origem pobre, Prestes estudou em escolas militares, que com o soldo que recebia, ajudava a sustentar a família. Nos anos de 1920, liderando o movimento dos "tenentes", que pretendia levantar a população contra o poder da oligarquia e do governo de Arthur Bernardes e, por meio da revolução, exigir reformas políticas e sociais. No que ficou conhecido como Coluna Prestes ou Coluna Invicta, Prestes percorreu, com 1.500 homens, durante 2 anos e 5 meses, cerca de 25 mil quilômetros. A marcha terminou em 1927, quando os revoltosos se exilaram na Bolívia e na Argentina.
Após esse período, recusou-se ingressar ao Partido Comunista Brasileiro e a assumir a chefia militar da Revolução Liberal de 1930, liderada por Getúlio Vargas.
Já em contato com os escritos de Marx e Lenin, em 1931 viajou para a União Soviética. Eleito membro da comissão executiva da Internacional Comunista (Comintern), volta como clandestino ao Brasil em dezembro de 34, acompanhado pela alemã Olga Benario, encarregada por sua segurança. Por ela se apaixonou. Seu objetivo era liderar uma revolução armada no Brasil.
A insurreição, desencadeada sob a bandeira de uma ampla frente política, a Aliança Nacional Libertadora, em 1935, fracassou. Prestes e Olga foram presos no ano seguinte. Olga, que era judia, foi entregue em 38, grávida de 5 meses, pelo então presidente Getúlio Vargas ao regime nazista.
Chefe do PCB, eleito Senador, participou da Constituinte em 1946, mas foi para a clandestinidade no ano seguinte, quando o registro do Partido Comunista foi cassado.
Retornou às atividades políticas em 1960, porém, com o golpe militar de 64, voltou à clandestinidade. Colocando-se contra a luta armada, provocou o racha do PCB, quando a ala de Carlos Marighella partiu para a guerrilha urbana. Em junho de 1966, foi condenado à revelia a 15 anos de prisão, acusado de tentar reorganizar o PCB.
Com o decreto da anistia, em agosto de 79, Prestes, após oito anos de exílio, desembarcou no Rio de Janeiro. Os militantes do PCB, contudo, já não acatavam mais suas orientações. Prestes escreve uma "Carta aos comunistas" na qual defendeu a reconstrução do movimento comunista no país. Em 82, sai do PCB.
Agindo sem se filiar a qualquer partido, Prestes passou a militar em diversas causas até o fim de sua vida.
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Hoje na História - uma produção da Radioagência Brasil de Fato e do Opera Mundi
Produção e Locução: Vivian Fernandes
Sonoplastia: Jorge Mayer
Edição: Vivian Fernandes