Mais uma vez, os servidores públicos do estado do Rio de Janeiro se reuniram em frente à Assembleia Legislativa (Alerj), no centro da cidade, para protestar contra as medidas anunciadas pelo governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) nas últimas semanas. Enquanto aproximadamente duas mil pessoas se manifestavam nos arredores do Palácio Tiradentes, uma comissão formada por servidores, aposentados e pensionistas apresentou as propostas do grupo para a crise do estado ao presidente da Câmara dos Deputados, Jorge Picciani (PMDB).
A comissão, formada por representantes de mais de 23 categorias, pediu a suspensão integral do pacote de ajuste fiscal apresentado por Pezão. Após a reunião, foi anunciado um novo encontro com Picciani, além de mais um protesto em frente à Alerj, na próxima terça-feira (29). Segundo membros da comissão de servidores, caso a reivindicação não seja aceita, será promovida uma greve geral no estado.
“Hoje temos servidores e aposentados passando fome e sem dinheiro para comprar seus remédios. Exigir que a nossa contribuição aumente não vai melhorar a crise do estado. Isso só vai acontecer se essa corja que ocupa o governo sair. Então, vamos seguir em luta”, afirmou José Martins, servidor da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae).
Além do ajuste fiscal, chamado de “pacote de maldades”, que está em fase de apreciação pelos deputados estaduais, o governo do estado também dividiu em sete parcelas o salário dos servidores referente ao mês outubro, sendo que a última delas será paga somente em dezembro. As três primeiras parcelas pagas até agora não superam R$ 1 mil, o que está causando sérios prejuízos aos servidores, aposentados e pensionistas do estado.
“Desde o ano passado minha vida não é mesma, a gente não sabe o que pode acontecer. Salários atrasados, parcelados, uma hora vem, outra não. Tive que mudar a data de vencimento das minhas contas, mas algumas são sempre pagas com atraso. Estou pagando juros altíssimos, reduzi até as compras de alimentos no mercado. Está muito difícil”, relata a pensionista Rosane Rodrigues, 46 anos.
Patrícia Navega, 42 anos, complementa dizendo que dorme e acorda com medo do que pode acontecer com seu vencimento mensal. “A gente não tem culpa da má fé e da corrupção desses governantes do Rio, mas eles estão querendo que nós, os mais pobres, paguemos por isso. Eu já estou com nome sujo, vários problemas de saúde, vivo na luta contra essas sacanagens todas. Estamos só tentando reivindicar o que é nosso”, afirma.
O protesto desta terça-feira foi marcado pela diversidade de categorias mobilizadas. Entre professores, policiais, pensionistas, servidores da saúde, estavam também artistas que compõem a equipe do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Em meio às falas dos manifestantes nos microfones, bailarinos e cantores apresentaram números improvisados.
“Nós também somos servidores, estamos mobilizados contra o pacote de maldades e contra o atraso dos salários. O que está acontecendo agora é terrível para todos nós trabalhadores, que lutamos diariamente com tanto afinco e paixão e temos nosso salário dividido em sete vezes. Isso é uma vergonha para o país”, afirma o primeiro solista do balé do Teatro Municipal, Edifranc Alves.
Assim como no protesto da última quarta-feira (16), a Alerj permaneceu cercada por grades. As escadarias do Palácio Tiradentes, que tradicionalmente ficam ocupadas por manifestantes, continuaram tomadas por um grande número de policiais que faziam a ronda da casa parlamentar. O pedido do policiamento foi feito na sexta-feira (11) pela Secretaria de Segurança e pelo comando da Polícia Militar à Alerj, que autorizou.
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