A democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump, os dois principais candidatos à Presidência dos EUA, realizaram nesta segunda-feira (26) seu primeiro debate televisionado.
Mediado pelo jornalista Lester Holt e realizado na Universidade de Hofstra, em Nova York, o debate durou 90 minutos e trouxe temas como emprego, impostos, racismo, cibersegurança, armas nucleares e o combate ao Estado Islâmico.
No primeiro seguimento, aberto por Hillary, a candidata defendeu a expansão da economia para a criação de novos empregos no país e o aumento de benefícios trabalhistas, como a licença médica remunerada e o aumento do salário mínimo nacional. Trump afirmou que as empresas norte-americanas estão levando os empregos “para o México, a China e outros países” e defendeu um corte nos impostos a empresas para que elas mantenham a produção nos EUA.
Trump também criticou Hillary por querer aumentar impostos e custos a empresas e se vangloriou de querer implementar o maior corte de impostos “desde Reagan”. Hillary o criticou dizendo que ele quer beneficiar ele mesmo e seus negócios ao propor que mais ricos paguem menos impostos.
"Donald foi um dos que se aproveitou da crise imobiliária", disse a ex-secretária de Estado, que reiterou que uma das razões fundamentais daquela crise, "a pior desde a Grande Depressão", foi um sistema tributário como o que quer promover o magnata, centrado em diminuir os impostos dos mais ricos.
A democrata defendeu a criação de "uma economia para todos" e destacou que, para isso, pretende fazer "que os mais ricos paguem sua parte justa".
É preciso "repartir os lucros das empresas, não só para seus altos executivos", disse Hillary, que acrescentou que "a questão central destas eleições é que tipo de país" serão os EUA no futuro.
"Acredito que quanto mais fizermos pela classe média, quanto mais pudermos investir em vocês, na sua educação, suas habilidades, seu futuro, melhor ficaremos e mais cresceremos. É essa economia que eu quero novamente", disse a democrata.
Outro tema central para os EUA no momento é a “divisão racial”, como colocou o mediador, citando as mortes de pessoas negras nas mãos da polícia e os protestos que seguiram em diversas cidades, especialmente em Charlotte, na Carolina do Norte, e Tulsa, no Oklahoma, com os casos mais recentes.
Enquanto Hillary falou em “curar as comunidades” promovendo a reconciliação entre polícia e população, Trump pediu "lei e ordem" para acabar com a tensão entre pessoas negras e a polícia.
"Há duas palavras que a secretária Clinton não quer usar, que são lei e ordem", declarou Trump, afirmando que a polícia "tem medo de fazer qualquer coisa" e, por isso, considerou que se multiplicaram os tiroteios em cidades como Chicago. Ele também celebrou a política de revista policial sistemática implementada em NY pelo ex-prefeito da cidade e seu colega de partido Rudolph Giuliani. A medida foi criticada por Hillary e pelo mediador do debate por mirar pessoas negras e hispânicas, o que foi negado por Trump.
Já Hillary ofereceu três receitas contra as tensões raciais: restabelecer a confiança entre a polícia e as comunidades negras, treinar os agentes e resolver a "epidemia" da violência armada, que tira de maneira desproporcional as vidas de homens negros, afirmou.
"A raça continua sendo um grande desafio para nosso país, ainda determina muito, determina onde as pessoas vivem, que tipo de educação recebem e determina como são tratadas pelo sistema penal", lamentou Hillary, que reiterou sua promessa de impulsionar uma reforma do sistema de Justiça criminal.
Em sua luta para conquistar o voto das pessoas negras, que apoiam Hillary majoritariamente, Trump destacou que a comunidade negra "foi abandonada" pelos interesses partidários dos políticos democratas, que recorrem a eles na época de eleições, mas depois se esquecem de seus problemas.
"Necessitamos instaurar a lei e a ordem em nossas cidades, os que são mais afetados por isto são os hispânicos e os afro-americanos", disse Trump.
Holt, o mediador, questionou Trump por não publicar sua declaração de impostos, ao que o republicano respondeu que está sob auditoria do Serviço de Arrecadação de Impostos (IRS) e que a publicará quando a auditoria acabar.
Ele também aproveitou para criticar Hillary sobre o uso de um servidor de e-mail privado quando a candidata era secretária de Estado dos EUA (2009-2013), dizendo que irá divulgar sua declaração de renda quando Hillary divulgar os e-mails de seus servidores particulares.
"Publicarei meus impostos, contra os desejos dos meus advogados, quando ela publicar os 30.000 e-mails que apagou", disse Trump.
Já Hillary cogitou três possibilidades que poderiam explicar porque Trump ainda não divulgou sua declaração de impostos.
"Ou não é tão rico, ou não fez isso tão bem, ou não quer que os americanos saibam que não pagou nada em impostos federais", considerou a democrata.
Em contraste com seu companheiro de chapa, o candidato republicano à vice-presidência dos EUA, Mike Pence, e sua esposa, Karen, divulgaram em setembro suas declarações de impostos dos últimos dez anos, que mostram uma renda de US$ 113.026 em 2015.
Por sua vez, Hillary e Bill Clinton divulgaram há semanas sua declaração de impostos de 2015 na qual informaram rendas superiores a US$ 10 milhões, enquanto seu candidato a vice, Tim Kaine, declarou, junto com sua esposa, US$ 313.441.
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