O segundo dia do 3º Acampamento Nacional do Levante Popular da Juventude foi marcado por uma análise de conjuntura para debater com lideranças a respeito da conjuntura política, do golpe contra a democracia e do papel da juventude em todo este processo.
O evento, que conta com mais de 7 mil jovens de todas as partes dos Brasil, está acontecendo no Estádio do Mineirinho, na região da Pampulha, em Belo Horizonte (MG).
“Estamos aqui porque somos juventude da classe trabalhadora. Lutar não é apenas uma escolha. É uma necessidade, uma questão de sobrevivência”, brada Jessy Dayane, integrante da direção nacional do Levante Popular da Juventude, que compôs a mesa inicial da manhã desta terça-feira (6).
Também participou a professora e presidenta da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT Minas), Beatriz Cerqueira, e o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) João Pedro Stedile.
Eles defenderam o tripé ideológico do “Fora, Temer”, “Diretas Já” e “Nenhum direito a menos” e enfatizaram a importância de não abandonar as ruas e de a juventude resistir em unidade com os trabalhadores e trabalhadoras.
Economia
Stedile elencou fatores que caracterizam a atual crise econômica, política, social e ambiental pela qual passa o mundo, e explicou que esses fatores externos influenciaram o golpe no Brasil.
“O plano da burguesia é simples: tentar recuperar a taxa de lucro de suas empresas e recompor o ambiente econômico de acumulação do capital”, explicou. "O golpe é uma estratégia de apropriação dos nossos recursos naturais, como o pré-sal. Além disso, o golpe serve para realinhar a economia brasileira aos interesses norte-americanos" , completou.
Para o dirigente, as saídas da crise incluem a retirada de direitos da classe trabalhadora. "O programa do golpe, que é o neoliberalismo, se baseia justamente nos ataques à CLT". Apesar dos retrocessos que estão prestes a acontecer, ele chama a juventude a continuar indo às ruas junto aos trabalhadores.
"Quem dorme com o inimigo amanhece grávido da derrota. Cabe a vocês, jovens, fazer o papel da agitação da classe trabalhadora, porque só ela pode mudar os rumos do nosso país", ressalta.
Ele explicou que há um esgotamento do modelo neodesenvolvimentista vivenciado no Brasil nos últimos 13 anos.
O dirigente, que também é economista, argumentou que este modelo só funciona durante os períodos em que há crescimento econômico, já que somos um país da periferia do capitalismo.
João Pedro falou ainda sobre como a burguesia se ergueu frente a erros da esquerda, como a conciliação de classes proposta pelo PT, e sobre a conspiração da direita desde a derrota de Aécio Neves nas últimas eleições presidenciais, em 2014.
Outro passo importante do golpe, segundo ele, foi a manobra do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que, após ter seu mandato cassado, deu início ao processo do impeachment, baseado nas “pedaladas fiscais”, que não figuram como crime de responsabilidade.
Resistência
Após saudar os participantes e lembrar da estudante Deborah Fabri, que perdeu a visão do olho esquerdo em uma manifestação "Fora, Temer" em São Paulo, Beatriz Cerqueira convocou a juventude a permanecerem nas ruas.
“Não desacampem e não parem de dizer ‘Fora, Temer’. Não podemos pensar que o golpe só aconteceu em Brasília. Ele acontece com todos e todas que defendem a emancipação popular”, pediu.
Nessa perspectiva de continuidade da manifestação conta o golpe, Jessy encorajou a juventude.
“Somos herdeiros e herdeiras de grandes pessoas como Dandara, Zumbi dos Palmares e Marighella. Somos a continuidade desse povo que lutou por emancipação. E é essa a responsabilidade que nós carregamos nos ombros”, disse.
Edição: Camila Rodrigues da Silva
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