A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que se tornou símbolo nacional da campanha pelo impeachment de Dilma Rousseff, divulgou nesta quarta-feira (31), minutos após a votação do Senado, uma nota em que pede para o governo não eleito de Michel Temer realizar a reforma da Previdência.
No documento divulgado no site da Fiesp, o presidente da entidade, Paulo Skaf, destaca que o processo de impeachment, na opinião da Federação, ocorreu "em total respeito à Constituição e às leis, e dentro das normas do Estado Democrático de Direito".
"Agora é a hora de arregaçar as mangas e reconstruir o Brasil", afirmou.
Pedidos
Entre as medidas reivindicadas pela entidade está o ajuste fiscal. "O governo deve controlar seus gastos, eliminar os desperdícios e combater a corrupção. O equilíbrio fiscal deve ser feito sem aumento de impostos. Os brasileiros não admitem aumento de impostos".
A solução seria a aprovação da reforma da Previdência, uma das principais bandeiras do governo não eleito e muito criticada pelos movimentos populares e pela esquerda brasileira, que consideram falaciosa a justificativa do rombo da Previdência Social e acreditam que a medida seria uma afronta sem precedentes para os direitos trabalhistas.
"Precisamos também reformar a Previdência para ter capacidade de continuar pagando nossos aposentados", afirma o texto.
Outras medidas neoliberais defendidas na nota da Fiesp são a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, anunciada por Temer em maio, que institui o teto para os gastos públicos, bem como o aumento da oferta de crédito, a valorização do Real e a aceleração de Parcerias Público-Privadas (PPP) para "destravar as obras de infraestrutura do país".
Na conclusão da nota, Skaf reitera que a nação, como um todo, deve "ajudar" na reconstrução do Brasil, através de um "esforço diário", deixando claro seu posicionamento em relação a quem deve pagar pela crise econômica no país. "Os desafios são grandes, as medidas necessárias são complexas, e os resultados serão obtidos com o tempo", indicou.
Riscos
Temer e o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, defendem uma idade mínima para aposentadoria acima dos 70 anos, independentemente do tempo de contribuição.
O presidente não eleito destacou a "necessidade das reformas trabalhista e da Previdência" em seu primeiro pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão, transmitido na noite desta quarta (31).
A idade mínima defendida está acima da expectativa de vida média do estado do Maranhão e um pouco abaixo da expectativa média nacional que, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 75,2 anos.
Edição: Camila Rodrigues da Silva
Edição: ---