#ForaTemer

Frente Povo sem Medo realiza ato em frente ao Itaquerão, em São Paulo

Manifestantes protestaram contra o governo interino durante semifinal olímpica de futebol

São Paulo (SP) |
Ato "Fora Temer SP, #OcupaOlimpiada" em frente ao Itaquerão
Ato "Fora Temer SP, #OcupaOlimpiada" em frente ao Itaquerão - Júlia Dolce/Brasil de Fato

Manifestantes da Frente Nacional Povo sem Medo e do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) realizaram na tarde desta quarta-feira (17) o ato “Fora Temer SP #OcupaOlimpíada”, nos arredores da Arena Corinthians (Itaquerão), enquanto ocorria o jogo da Alemanha contra a Nigéria na semifinal olímpica de futebol masculino no estádio.

Segundo lideranças dos movimentos, o ato contou com a presença de cerca de 2 mil manifestantes, que levantaram cartazes e cantaram palavras de ordem contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e contra os anúncios de cortes nas políticas habitacionais pelo governo interino.

O ato também se posicionou contrário ao legado antipopular dos Jogos Olímpicos, como as remoções forçadas de moradores de comunidades para a construção do Parque Olímpico.

O objetivo dos manifestantes era chegar o mais próximo possível do Itaquerão, para chamar atenção internacional para a causa. Após negociação com a Polícia Militar (PM), que cercou e proibiu a aproximação pela entrada do estádio, a concentração seguiu para a avenida José Pinheiros Borges, com vista direta para a arena lotada de torcedores, criando a contraposição desejada.

Durante o trajeto do ato, que cruzou a estação de metrô Artur Alvim, diversos torcedores a caminho do estádio agrediram verbalmente os manifestantes, xingando-os de ‘vagabundos’, enquanto eram escoltados pelo cordão formado pela PM.

Truculência

Segundo Luciana Helti, militante do MTST, a PM, que desde o início cercava os manifestantes com grande quantidade de policiais, revistou muitos deles com truculência na concentração, apesar de o ato ter seguido sem conflitos.

“A gente quer chegar o mais perto possível do estádio, mas a polícia chegou muito forte oprimindo, revistando, coagindo. Os funcionários do metrô estavam orientando o endereço errado da atividade, mas a gente vai continuar lutando para denunciar o golpismo. Nada contra as Olimpíadas e o esporte, mas a gente não pode deixar de falar o que está acontecendo no país, e isso não está sendo coberto pela mídia. Estamos aqui principalmente para pedir apoio mundial para salvar a nossa democracia”, continuou.

Para ela, o ato foi importante para potencializar a palavra de ordem “Fora, Temer” diante do julgamento final do afastamento de Dilma.

“A gente entente que o governo está se aproveitando das Olimpíadas para fazer com que o povo se alegre e se esqueça do golpe. Estamos aproveitando que hoje os olhos do mundo estão sobre a Arena Corinthians e vamos potencializar e denunciar tanto as contas que vêm com as Olimpíadas, a remoção de pessoas de suas casas para a construção das vilas olímpicas, quanto o governo golpista”, afirmou.

Pautas

A coordenadora do MTST Maria das Dores Cerqueira, que cantou, em cima do carro de som, paródias de músicas brasileiras com letras sobre a luta do movimento, disse que o ato mostrou a indignação da classe trabalhadora brasileira com o golpe. “Os Jogos Olímpicos trazem um legado muito negativo para nosso país”, afirmou.

Maria das Dores também destacou a necessidade de novas eleições presidenciais. “O presidente interino não nos representa. O povo deve decidir [quem será o presidente] em novas eleições”.

Já a arquiteta e ativista Jacqueline Diane dos Santos, que compareceu ao ato com amigos e seu bebê em um carrinho, acredita ser muito importante envolver a sociedade neste movimento.

“O ato é para colocar em prática nossos direitos de moradia. A Constituição diz que temos direito à saúde, à educação e à moradia. Então, estamos aqui para fazer valer nossos direitos. A princípio, estávamos com medo da repressão da polícia, mas decidimos um trajeto e estamos aqui lutando tranquilamente, sem confrontos”, ponderou.

O ato se encerrou por volta das 17h em frente à estação Artur Alvim do metrô.

Edição: Camila Rodrigues da Silva

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