Liberdade de expressão

Wikileaks é bloqueado na Turquia

Site divulgou 300 mil mensagens do AKP, partido do presidente Erdogan

São Paulo (SP) |
Após resistência da população contra tentativa de golpe, governo turco endureceu regime e lançou onda de repressão
Após resistência da população contra tentativa de golpe, governo turco endureceu regime e lançou onda de repressão - WikiCommons

O Wikileaks informou nesta quarta-feira (20) que o governo turco determinou o bloqueio de sua página em todo território do país. O anúncio foi feito pela conta de Twitter da organização, que divulga documentos fornecidos por fontes anônimas.

“O WikiLeaks recebeu uma determinação sobre o bloqueio [do site] em toda a Turquia, após a publicação de 300 mil correspondências eletrônicas do partido de Erdogan [presidente turco]”, diz o comunicado da organização.

O portal havia divulgado 300 mil mensagens eletrônicas do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), legenda a qual pertence o presidente Recep Tayyip Erdoğan. Os e-mails apresentados pelo Wikileaks, obtidos uma semana antes da tentativa de golpe militar na Turquia, cobrem o período de 2010 até julho deste ano. De acordo com o site, o vazamento foi “uma resposta às perseguições do governo ocorridas após a tentativa de golpe”.

Repressão

Na noite de sexta-feira (15), o governo do AKP afirmou que o país estava sofrendo uma tentativa de golpe militar. Soldados e veículos das Forças Armadas ocuparam partes da capital turca.

Como reação, Erdogan convocou o povo às ruas para “defender a democracia”. Na madrugada de sábado (16), o primeiro-ministro turco Binali Yildirim afirmou que as autoridades haviam identificados os articuladores da insurreição militar e que a tentativa de deposição do governo havia fracassado.

A tentativa de golpe militar serviu de pretexto para que o governo turco lançasse uma onda de repressão, endurecendo ainda mais o regime.

21 mil professores que trabalham em instituições privadas tiveram seus registros profissionais cancelado; 15 mil funcionários vinculados ao Ministério da Educação também foram afastados e 20 mil militares foram destituídos.

Após os eventos de sexta-feira, o governo turco - cuja proximidade com o fundamentalismo religioso enfrenta oposição de setores seculares - discute retomar a pena de morte no país e há denúncias de perseguição a veículos de imprensa contrários ao AKP.

Edição: Simone Freire

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