São Paulo

SP: Ato em Ribeirão Preto lembra o assassinato de Luana Barbosa por PMs

A mobilização também exige que os policiais envolvidos enfrentem a justiça comum no julgamento do caso

Alma Preta |
Cerca de 300 pessoas, em maioria mulheres negras, acompanharam a marcha.
Cerca de 300 pessoas, em maioria mulheres negras, acompanharam a marcha. - Fotos: Pedro Borges e Solon Neto

Neste sábado (18), o ato “Nenhuma Luana a Menos” cruzou o centro de Ribeirão Preto-SP e bloqueou uma de suas principais vias, a Avenida Independência. O ato foi promovido por movimentos sociais da cidade para lembrar a morte de Luana Barbosa, em decorrência de um espancamento pela Polícia Militar. O caso gerou clamor nacional, e teve larga repercussão nas redes sociais no Brasil e no mundo. Luana era uma mulher negra, mãe, lésbica e moradora de periferia. Cerca de 300 pessoas, em maioria mulheres negras, acompanharam a marcha.

Com o processo de investigação ainda correndo na justiça, as manifestantes querem que os acusados venham a júri popular, e não militar, como é de praxe em julgamento de policiais. O Alma Preta participou do ato e realizou uma cobertura fotográfica.

Corpo a Corpo nas ruas de Ribeirão Preto e Mídia Radical

A organização da marcha distribuiu panfletos em diversos pontos da cidade para dialogar com a população local acerca da violência vivida por Luana. A panfletagem serviu também para levar mais pessoas ao ato, e foi marcada pela solidariedade das pessoas abordadas com a causa. Boa parte das pessoas paradas pela panfletagem conheciam o caso, uma demonstração da repercussão do crime.

Em muitos lugares na cidade era possível encontrar cartazes colados em muros e postes chamando atenção para o caso e o ato. Os ‘lambes’ foram colados próximos às universidades e pontos de ônibus.
A organização também produziu camisetas com uma ilustração do rosto de Luana junto à frase: “Nenhuma Luana a Menos”. A maior parte dos presentes no ato estava utilizando a camiseta.

Nenhuma Luana a Menos

A concentração para a Marcha começou às 9h na Praça Sete de Setembro, de onde partiu duas horas depois em direção à Avenida Independência. Já nela, a marcha seguiu até o cruzamento com a Avenida Nove de Julho.

A concentração que se iniciou às 9h contou com intervenções artísticas teatrais e poéticas, além de falas de diversos membros dos movimentos sociais presentes. Uma das falas foi a de Laissa Sobral, da Secretaria Estadual da Mulher Catadora (SEMUC). Moradora do Grajaú, em São Paulo, Laissa ressaltou o medo diário vivido pela população negra ao sair de casa, além de chamar a atenção para a seriedade necessária para combater a violência sistêmica contra a população negra.

O grupo Levante Mulher realizou duas intervenções teatrais durante a marcha que levaram muitos dos presentes às lágrimas. Ainda na concentração a apresentação do grupo, levada ao som do Canto das Três Raças, focou no drama pessoal da mãe negra, que se desespera ao se deparar com a perda de seus filhos.

Ao subir a Avenida Independência, o grupo deparou-se com uma base da Polícia Militar e ali protestou por alguns minutos contra a violência sofrida por Luana. Nenhum policial foi visto enquanto o grupo passava e protestava à porta da base.

O ato despertou a curiosidade de inúmeros transeuntes, que paravam para observar e fotografar a manifestação. O carro de som que acompanhava a marcha foi utilizado para entoar palavras de ordem pedindo, por exemplo, o fim da polícia militar e o fim do preconceito contra a população LGBT. Entre as faixas pedindo que o caso fosse levado à Justiça Comum, estavam as bandeiras LGBT e do Panafricanismo.

O fim do ato se se deu com a chegada à Avenida Nove de Julho, onde o grupo formou uma roda para assistir a segunda apresentação do Levante Mulher.

O caso Luana

No dia 8 de abril, Luana Barbosa dos Reis Santos, mulher negra, mãe e lésbica, foi espancada pela Polícia Militar. Passados cinco dias, ela faleceu, aos 34 anos, devido à isquemia cerebral causada por traumatismo craniano. A morte gerou revolta na família e em diversos movimentos sociais que denunciaram o excesso de violência do Estado. O crime foi denunciado e os movimentos sociais da cidade agora exigem que haja julgamento via justiça comum.

 

Edição: ---