América Latina

Líderes e organizações latinas repudiam medida de secretário da OEA sobre Venezuela

Segundo eles, soluções para problemas do país devem partir da própria população

Opera Mundi |
O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, invocou a Carta Democrática Interamericana para a Venezuela
O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, invocou a Carta Democrática Interamericana para a Venezuela - Reprodução

Líderes e organizações latino-americanas afirmaram que as soluções para os problemas venezuelanos devem partir da própria população do país, ao criticarem a decisão do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, de invocar a Carta Democrática Interamericana para a Venezuela na última terça-feira (31).

O presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu nesta segunda-feira (01/06) que o ex-chanceler uruguaio não seja “um instrumento de intervencionismo” na Venezuela.

"Antes [Barack] Obama (EUA), hoje Almagro (OEA), agressão. Irmão Almagro, não seja instrumento de intervencionismo ao povo revolucionário da Venezuela", disse Morales em sua conta de Twitter. 

Antes Obama (EEUU) hoy Almagro (OEA), agresión. Hermano Almagro no sea instrumento de intervencionismo al pueblo revolucionario de Venezuela

— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) 1 de junho de 2016

O mandatário acrescentou que “a dignidade, soberania e autodeterminação dos países da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) não se vende".

Em entrevista concedida a jornalistas nesta terça-feira (31/05), o presidente do Equador, Rafael Correa, disse que não há "consenso" para a decisão tomada por Almagro.

“Os Estados-membros não foram consultados, nem sequer [a invocação da Carta] foi aprovada no Conselho Permanente da OEA, que é o organismo máximo quando a Assembleia Geral da OEA não está instalada ou em ausência”, afirmou.

Ele lembrou que há diálogos em andamento mediados pela Unasul (União de Nações Sul-Americanas) com o governo e a oposição venezuelanos para solucionar a crise política no país. “Consideramos que o gravíssimo problema venezuelano será solucionado com o diálogo”, disse.

A chanceler da Colômbia, María Ángela Holguín, afirmou ao jornal local El Universal que a solução dos problemas da Venezuela deve partir da própria população.

“Temos dado muita ênfase de que sejam os venezuelanos que encontrem suas próprias soluções”.

Segundo ela, a partir de agora, os países terão que “estudar” os "caminhos" da Venezuela. “Estaremos pendentes do momento em que se faça esse conselho para debater o tema na OEA”, afirmou.

Na mesma linha, no Uruguai, o senador Ruben Martínez Huelmo, do Movimento de Participação Popular (que integra a coalizão governista Frente Ampla) disse à rádio local Universal que as soluções para a crise venezuelana devem ocorrer internamente.

 

Já o deputado Óscar Andrade, do Partido Comunista do Uruguai (que também integra a Frente Ampla), afirmou à Agência Uruguaia de Notícias que Almagro age com uma lógica “profundamente tendenciosa” em relação à Venezuela. Disse também que a OEA desempenha "quase um papel de fantoche do imperialismo na América Latina”.

Andrade expressou repúdio sobre a decisão do ex-chanceler de seu país. Segundo ele, “nos dá uma profunda vergonha ter levado a essa instituição internacional [OEA] um personagem que se move dessa forma”.

Em nota, a Alba (Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América) classificou a OEA como uma estrutura criada pelos EUA para “dominar”  o continente.

“A OEA é o organismo criado pelos Estados Unidos para dominar os países do resto do continente”, diz o texto, que acrescenta que, desde sua posse, “Luis Almagro tornou-se um peão servil dos interesses norte-americanos”.

Nesta terça-feira, Almagro invocou a Carta Democrática Interamericana para a Venezuela para convocar uma reunião do Conselho Permanente dos Estados-membros da organização sobre o que considera como "crise institucional".

A medida resulta na abertura de um processo de reuniões e votações que podem ter como consequência desde resoluções ou gestões diplomáticas até a eventual suspensão da Venezuela como membro da entidade, para o qual é necessário o voto de dois terços dos chanceleres. 

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