Cercada por muitas polêmicas desde o início das obras, a Linha 4 do metrô do Rio de Janeiro não será totalmente finalizada até as Olimpíadas. Segundo a concessionária Rio Barra, responsável pela execução da obra, o trecho que liga a Barra da Tijuca a Ipanema começará a funcionar em julho, mas de forma incompleta. A Estação Gávea tem previsão de conclusão só em janeiro de 2018. De acordo com a assessoria da Linha 4, em agosto o trajeto funcionará somente para passageiros relacionados aos jogos. Em setembro, será aberto à população.
As obras para ampliação do trajeto do metrô do Rio tiveram início há seis anos e estavam programadas para serem entregues completas no início de 2016. Porém, houve um atraso que não foi explicado pela Secretaria Estadual de Transportes e nem pela Rio Barra. No final de fevereiro, o prefeito Eduardo Paes demonstrou preocupação com o atraso e anunciou que estudava plano de contingência para o período das Olimpíadas. A alternativa apresentada por ele seria a utilização do BRT, que seguiria com corredores exclusivos para ônibus até a zona sul.
No mesmo mês, o então secretário de transportes Carlos Roberto Osório declarou que os testes com trens seriam feitos a partir de março. No entanto, os testes só tiveram início no final de maio, cerca de um mês antes da inauguração. Para o engenheiro Jorge Saraiva, diretor do Sindicato de Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ), o problema com o metrô no Rio é sistemático e anterior à construção da Linha 4. “No mundo inteiro, todas as concepções de metrô são feitas em rede e aqui estão construindo uma ‘tripa’. Já temos superlotação em quase todas as estações, imagina quando chegar até a Barra. O projeto não foi pensado desde o início e quem arca com as consequências é a população que precisa se deslocar todo dia em péssimas condições”, afirma.
Não é só quem se desloca de metrô que enfrenta problemas. Quem passa pela Avenida Brasil sente na pele os transtornos causados pelas obras de construção do BRT TransBrasil, que tem como objetivo ligar Deodoro ao aeroporto Santos Dummont. Os engarrafamentos duram até três horas nos horários mais movimentados da avenida que une a Baixada Fluminense ao centro da cidade.
Todos os contratempos causados pelas obras não terão fim próximo, já que apenas 37% das intervenções foram concluídas até maio e a previsão é de que no início dos Jogos Olímpicos somente metade do trajeto esteja finalizado. Segundo a Prefeitura do Rio, as obras ficarão paralisadas durante os jogos e retornarão em setembro. A nova previsão de conclusão é final de 2017.
De acordo com informações oficiais, a contratação da obra começou em 2012 e teve financiamento de R$ 1,3 bilhão do governo federal. O planejamento previa que as obras durassem três anos. “Os prazos não são cumpridos porque não querem. Com o sistema de engenharia que temos, dá para cumprir cronograma tranquilamente. O problema não está na obra, mas sim no modo como é tratado o dinheiro público. Não há nenhuma transparência com relação a essas obras das Olimpíadas”, conclui o engenheiro Jorge Saraiva.
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