Nesta quarta (18), marca-se o Dia Nacional de Luta Antimanicomial. No Recife, em Pernambuco, o Núcleo Estadual de Luta Antimanicomial Libertando Subjetividades realizou um ato durante a manhã, com o objetivo de sensibilizar a sociedade para preconceito enfrentado pelas pessoas que sofrem de transtornos mentais e em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS). Usuários de cerca de 30 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) de 11 cidades do estado, além de diversos profissionais da saúde mental, movimentos populares e organizações, concentraram-se na Praça do Derby, às 8h, de onde saíram em passeata pela Avenida Agamenon Magalhães até o Parque Amorim.
Ainda na concentração, Maria Severina de Freitas conversava com as profissionais com as quais ela convive, desde o ano passado, no CAPS Boa Vista. Bastante animada, ela diz que ama o lugar e as pessoas de lá. “Antes eu ficava trancada em casa. Agora, toda terça de tarde eu vou para lá e faço muitas atividades. Amo fazer desenhos e a aula de ginástica”, explica a senhora, que estava comemorando seu aniversário de 57 anos.
Nos CAPS, uma equipe multidisciplinar composta por psicólogas, enfermeiras, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, além de outras profissionais, acompanham as pessoas que sofrem de transtornos mentais ou dependências químicas. As pessoas podem procurar o lugar por conta própria ou serem encaminhadas por psiquiatras da rede pública de saúde. No primeiro momento é feito o acolhimento das (os) pacientes e, depois de avaliadas (os) pela equipe, são direcionadas (os) para as diversas atividades que são realizadas durante a semana.
Sandra Ferraz, enfermeira da CAPS Boa Vista, esteve no ato e explica o que a motivou estar ali: “É preciso sensibilizar a sociedade. É preciso barrar os retrocessos na área da saúde. Os CAPS tem o papel fundamental de inserção social dessas pessoas, para que elas possam ter autonomia e ser um transeunte na sociedade, como as pessoas que sofrem de outras doenças são”.
As reuniões para escolher o tema da ação deste ano, bem como as atividades que seriam promovidas, foram realizadas desde março. “O tema da semana dialoga com a atualidade, como em todos os anos. A escolha se deu por entendermos que um golpe à democracia é um golpe aos direitos sociais. E, quando se trata de uma população que já está à margem dos direitos, a situação fica ainda pior”, explica Catarina Albertim, integrante do Núcleo Estadual de Luta Antimanicomial Libertando Subjetividades.
A Luta Antimanicomial se pauta por uma sociedade livre de manicômios, da intolerância às diferenças e da violência. Além disso, aponta a necessidade ampliar os serviços de cuidado e da integralidade nesse tratamento. “Tivemos muitos avanços com a redução de leitos. No entanto, os serviços ainda são precarizados. Precisamos de uma cobertura mais digna”, ressalta Catarina.
Edição: ---