Recém-filiada ao Psol, a deputada federal Luiza Erundina lançou hoje (11), oficialmente, sua pré-candidatura à prefeitura de São Paulo, cidade que governou de 1989 a 1992, quando ainda estava no PT. O diretório municipal do Psol definiu ontem a chapa, que terá o também deputado Ivan Valente como vice. Os nomes ainda terão de ser confirmados em convenção, mas Erundina já falou em "colocar o time na rua" e, mesmo evitando críticas mais diretas, apontou um "vazio de participação" nas decisões relativas ao município e garantindo que, em seu governo, subprefeitura "não será mais balcão de negócios ou de interesses, mas uma instância de poder".
Sobre esse item, a deputada e ex-prefeita disse que não falava especificamente de uma administração. "Estou fazendo uma crítica a uma cultura reiterada em todas as gestões, com algumas exceções", afirmou, fazendo ainda ressalvas a concessões em nome da chamada governabilidade, para garantir maioria no Parlamento municipal. "Muitas vezes, o preço dessa maioria é a pouca ética ou falta de ética. Governei quatro anos sem maioria na Câmara", acrescentou, voltando a defender uma reforma política que contemple mudanças nas relações entre os poderes. "Nem sempre essa relação é republicana."
Coordenadora da Frente Parlamentar pela Reforma Política com Participação Popular, Erundina avalia que as alterações feitas até agora são "remendos em um tecido político que não dialoga mais com a realidade". "Entendo que o quadro partidário está exaurido, esgotado", diz a deputada. Articuladora da Raiz, seu futuro partido, ela afirma que existe "muita identidade" com o Psol, como em questões relacionadas ao ecossocialismo. Para a deputada, os partidos tradicionais estão pouco preparados para o diálogo com movimentos e outras formas de manifestação. "O socialismo nunca esteve tão atual e atrativo", afirmou.
A pré-candidata pelo Psol preferiu não comentar seus possíveis adversários em outubro, como o atual prefeito, Fernando Haddad (PT), a senadora Marta Suplicy (PMDB) e o empresário João Doria Jr. (PSDB). "Vou chamá-los para a arena do debate sobre as ideias. Vou disputar os eleitores exatamente onde eu não tenho", afirmou, a uma pergunta se sua campanha vai se aproximar, em alguma medida, do eleitorado do PT. Não fez críticas mais incisivas, mas avaliou que falta mais participação da população. "A gestão Haddad se ressente exatamente da falta de canais de diálogo."
Mobilidade e financiamento
Ela observou que, como deputado, conseguiu aprovar uma proposta de emenda à Constituição para incluir na Constituição o transporte com direito social. "Isso obriga o Estado a ter uma política pública", comentou, dizendo que precisa analisar de forma técnica as propostas de mobilidade urbana na cidade e defendendo um sistema integrado. "Vou dialogar. Os problemas de São Paulo são metropolitanos. Não é uma questão simples, que se resolva com uma pista de ciclismo. É preciso ter um sistema adequado, lógico."
Erundina disse que espera contar com apoio do engenheiro Lucio Gregori em sua campanha. Secretário municipal de Transportes na gestão da ex-prefeita, Gregori foi autor de uma proposta de tarifa zero no município.
Para a deputada, o fim do financiamento privado de campanhas eleitorais pode contribuir para "equalizar" a disputa, beneficiando candidaturas de menor porte. "Mas tem de fiscalizar. Isso não significa que não possa haver caixa 2", afirmou, prometendo denunciar eventuais ocorrências. "Se a gente flagrar alguém, vocês vão ver o que vai acontecer." Ela também não se disse preocupada com o pouco tempo disponível na TV. "Nunca tive muito tempo de televisão, nem como prefeita."
Mas ela espera aumentar a bancada do Psol na Câmara, hoje com apenas um vereador, Toninho Vespoli. "Quero pelo menos
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