Alerta sanitário

Com 646 mil pessoas ainda fora de casa, RS registra 2ª morte por leptospirose desde o início das enchentes

Guaíba atinge o menor nível neste mês de maio, mas ainda está quase um metro acima da sua taxa de transbordamento

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Apesar de uma leve diminuição nos últimos dias, o número de abrigados no RS ainda é de 68.345 pessoas - Rafa Neddemeyer / Agência Brasil

Em um intervalo de três dias, o Rio Grande do Sul confirmou a segunda morte por leptospirose. A doença infecciosa, transmitida na água ou lama pela urina de animais como ratos, vitimou agora um homem de 33 anos, morador de Venâncio Aires (RS).  

De acordo com o relato da família à prefeitura, ele não escapou do contato com as águas das chuvas que assolam o estado gaúcho desde o fim de abril. Mas tomou cuidados, como o uso das botas.  

A primeira morte decorrente da doença desde o início da tragédia climática foi no último domingo (19). O homem de 67 anos residia na cidade de Travesseiro (RS).  

O período de 30 dias é o limite máximo para que sintomas da leptospirose se manifestem, após o contágio pela pele ou mucosas. Febre, dor de cabeça, calafrio e dores no corpo costumam aparecer, no entanto, entre cinco e 14 dias após o contágio. A orientação é que a população procure um serviço de saúde assim que sentir estes indícios. 

Além destas duas, as mortes causadas pelas enchentes se mantêm em 161, de acordo com boletim da Defesa Civil desta quarta-feira (22). Outras 82 pessoas estão desaparecidas.  

De terça para quarta, não houve alteração no número de 581.633 pessoas desalojadas. A quantidade daqueles que estão em abrigos, no entanto, vem diminuindo. Com 4.216 a menos do que nas 24h anteriores, agora o RS registra 68.445 pessoas vivendo temporariamente nestas instalações.  

Água recuando 

Pela primeira vez desde 3 de maio, o nível do Guaíba ficou abaixo de quatro metros. Apesar de estar ainda quase um metro acima da sua cota de transbordamento, com 3,93, o recuo da cheia tem revelado o lixo antes submerso e permitido o retorno de algumas famílias às suas casas. 

Segundo a prefeitura de Porto Alegre, operações com 800 garis, 168 caminhões e 30 retroescavadeiras trabalham na varrição e raspagem de lodo acumulado. Cerca de 2,4 toneladas de lixo foram retiradas das ruas da capital gaúcha.  

Na próxima segunda-feira (27) completará um mês do início desta que é considerada a maior tragédia climática do Rio Grande do Sul, afetando 2,3 milhões de pessoas em 94% dos municípios do estado.  

Edição: Matheus Alves de Almeida