Rolex investigados

MP do Peru amplia investigação contra presidente Dina Boularte em caso das joias

Dina Boluarte disse que os relógios encontrados com ela foram emprestados pelo governador regional de Ayacucho

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |
A atual presidente do Peru assumiu em dezembro de 2022, depois da tentativa de autogolpe por parte de Pedro Castillo - Presidencia del Peru

O Ministério Público do Peru anunciou nesta quarta-feira (24) que vai ampliar a investigação contra a presidente Dina Boluarte. Ela é acusada de enriquecimento ilícito e omissão na declaração de relógios de luxo. O MP disse que vai acusar também Boluarte por suborno passivo e que vai incluir o governador regional do departamento (equivalente a estado) de Aiacucho, Wilfredo Oscorima, nas investigações.

No final de março, o MP e a Divisão de Investigação de Delitos de Alta Complexidade (Diviac) do Peru fizeram uma operação de busca e apreensão na casa de Dina Boluarte e no Palácio do Governo. De acordo com sua defesa, policiais encontraram “cerca de 10 relógios” nas buscas.

O caso veio à tona depois da publicação de uma reportagem do portal La Encerrona. O texto afirmava que a presidente peruana, de centro esquerda, tinha mais de US$ 40 mil (mais de R$ 200 mil) em relógios da marca Rolex. A reportagem analisou fotos de Boluarte em eventos com as joias para afirmar que ela possivelmente teria mais de uma dezena de relógios de luxo.

Reportagem da BBC indica também que o MP identificou movimentação de US$ 300 mil (mais de R$ 1,5 milhão) em depósitos de origem desconhecida nas contas pessoais de Dina Boluarte antes de ela tomar posse em dezembro de 2022.

Em sua primeira declaração após o inicio das investigações, a presidenta se defendeu afirmando que o que possui é fruto do trabalho que faz desde os 18 anos de idade. Mais tarde, prestou esclarecimento à Justiça e disse que os relógios foram emprestados por Oscorima.

“Devo admitir que foi um erro ter aceitado estes relógios do meu amigo Wilfredo Oscorima por empréstimo ”, disse a presidente.

Oscorima admitiu que emprestou os relógios à Boluarte e foi convocado pelo MP para prestar esclarecimentos em 4 de abril e apresentar as joias. Ele, no entanto, não apresentou os relógios afirmando que ele não havia sido citado da forma devida nas investigações. Mais tarde, seu advogado entregou à Justiça peruana 3 relógios Rolex e uma pulseira.

O partido Peru Livre chegou a apresentar ao Congresso um pedido de destituição da presidente, mas a moção recebeu só 33 votos favoráveis e foi rejeitada no Legislativo. Para derrubar um presidente no Peru, o processo de impeachment precisa receber ao menos 87 votos favoráveis dos 130 congressistas. 

Outro processo de impeachment apresentado contra Boluarte foi rejeitado pelo Congresso do país. O pedido de cassação do mandato de Dina Boluarte pretendia responsabilizar a mandatária pelas 72 mortes registradas durante os protestos que ocorreram no final de 2022 e início de 2023.

Posse de Boluarte

A atual presidente do Peru assumiu em dezembro de 2022, depois da tentativa de autogolpe por parte de Pedro Castillo. Ele enfrentava o 3º processo de impeachment e perdeu o cargo depois de ordenar a dissolução do congresso e convocar novas eleições. Castillo foi preso depois de deixar a presidência.

Ela enfrentou uma série de protestos no país, contrários à saída de Castillo. Movimentos populares defenderam a antecipação das eleições, mas o Congresso peruano decidiu rejeitar um projeto de lei que anteciparia a escolha de um novo presidente pelo voto popular para 2023. 

Para combater os movimentos, a presidente emitiu um decreto que limitava as liberdades individuais e colocou a polícia na rua para reprimir os manifestantes. Ao menos 72 pessoas morreram nos atos. O mandato de Dina Boluarte é válido até 2026.

Edição: Rodrigo Durão Coelho