Crianças do assentamento Eli Vive, localizado em Lerrovile, na cidade de Londrina (PR), ficaram sem aula. O problema não é inédito. Dessa vez, o primeiro dia de aula do ano letivo foi perdido pela falta de manutenção nas estradas, outro problema recorrente. Após as chuvas do final de semana, o transporte escolar, de responsabilidade da prefeitura, não conseguiu acessar as vias internas do assentamento, impedindo que as crianças chegassem à escola.
Jovana Cestille, mãe de um estudante e moradora do assentamento há mais de dez anos, reagiu com frustração ao descaso. "No ano passado, as famílias chegaram a parar as máquinas da prefeitura, em protesto pela situação, mas nada foi feito por nós", relembra.
Nova escola, problema antigo
Com mais de 500 famílias camponesas, o Eli Vive é um dos maiores assentamentos da área metropolitana do Brasil. Ao longo dos 13 anos de existência, o território se tornou grande produtor de derivados do milho e possui uma agroindústria cooperada, com produção de fubá, panificados, hortifrúti orgânico e outros alimentos. Além disso, a comunidade cuida de uma reserva florestal e das nascentes dentro de seu território.
Para continuar sua produção e preservação ambiental, a educação das crianças é essencial. "A educação no campo é um direito previsto em lei, uma conquista para as nossas crianças aprenderem a partir da sua realidade e assumirem as responsabilidades futuras", explica Sandra Ferreira, uma das lideranças.
Em reconhecimento à importância da educação, no ano passado, o assentamento recebeu uma nova escola municipal, com excelente estrutura. Porém, a falta de acesso devido às estradas em péssimas condições compromete o uso dessa infraestrutura. "Sem as estradas para levar as nossas crianças, toda essa potência da educação fica perdida", lamenta Ferreira.
Ela lembra que a manutenção das estradas é uma solicitação que já dura mais de 13 anos. "É cansativo, a cada chuva precisamos lembrar a administração municipal da sua obrigação", desabafa.
Atualmente, os pais precisam levar as crianças até um ponto comum, o "carreador", onde o transporte escolar municipal as busca para levar à escola, transitando apenas pelas estradas principais.
Fora do plano emergencial
Em 27 de janeiro, o prefeito Tiago Amaral (PSD) anunciou um plano emergencial para a recuperação de algumas estradas rurais. No entanto, as estradas do Assentamento Eli Vive ficaram de fora, apesar das péssimas condições e dos diálogos constantes com a prefeitura.
Para Sandra Ferreira, a situação já não pode ser mais ignorada. "Vai chegar uma hora em que as famílias não vão mais tolerar esse descaso. O que diferencia as nossas crianças? Por que a educação delas é menos importante? Por que as nossas estradas não foram incluídas no plano?", questiona.
Procurada, a prefeitura de Londrina não se manifestou sobre o assunto até o fechamento desta matéria. O texto será atualizado em caso de resposta.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Mayala Fernandes
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