EDUCAÇÃO

Falta de manutenção nas estradas impede início das aulas no assentamento Eli Vive, em Londrina (PR)

As etradas estão fora do plano emergencial de reformas do novo prefeito Tiago Amaral (PSD)

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Estrada de terra da assentamento Eli Vive.
A manutenção das estradas é uma solicitação que já dura mais de 13 anos - Foto: Arquivo MST

Crianças do assentamento Eli Vive, localizado em Lerrovile, na cidade de Londrina (PR), ficaram sem aula. O problema não é inédito. Dessa vez, o primeiro dia de aula do ano letivo foi perdido pela falta de manutenção nas estradas, outro problema recorrente. Após as chuvas do final de semana, o transporte escolar, de responsabilidade da prefeitura, não conseguiu acessar as vias internas do assentamento, impedindo que as crianças chegassem à escola.

Jovana Cestille, mãe de um estudante e moradora do assentamento há mais de dez anos, reagiu com frustração ao descaso. "No ano passado, as famílias chegaram a parar as máquinas da prefeitura, em protesto pela situação, mas nada foi feito por nós", relembra.

Nova escola, problema antigo

Com mais de 500 famílias camponesas, o Eli Vive é um dos maiores assentamentos da área metropolitana do Brasil. Ao longo dos 13 anos de existência, o território se tornou grande produtor de derivados do milho e possui uma agroindústria cooperada, com produção de fubá, panificados, hortifrúti orgânico e outros alimentos. Além disso, a comunidade cuida de uma reserva florestal e das nascentes dentro de seu território.

Para continuar sua produção e preservação ambiental, a educação das crianças é essencial. "A educação no campo é um direito previsto em lei, uma conquista para as nossas crianças aprenderem a partir da sua realidade e assumirem as responsabilidades futuras", explica Sandra Ferreira, uma das lideranças.

Em reconhecimento à importância da educação, no ano passado, o assentamento recebeu uma nova escola municipal, com excelente estrutura. Porém, a falta de acesso devido às estradas em péssimas condições compromete o uso dessa infraestrutura. "Sem as estradas para levar as nossas crianças, toda essa potência da educação fica perdida", lamenta Ferreira.

Ela lembra que a manutenção das estradas é uma solicitação que já dura mais de 13 anos. "É cansativo, a cada chuva precisamos lembrar a administração municipal da sua obrigação", desabafa.

Atualmente, os pais precisam levar as crianças até um ponto comum, o "carreador", onde o transporte escolar municipal as busca para levar à escola, transitando apenas pelas estradas principais.

Fora do plano emergencial

Em 27 de janeiro, o prefeito Tiago Amaral (PSD) anunciou um plano emergencial para a recuperação de algumas estradas rurais. No entanto, as estradas do Assentamento Eli Vive ficaram de fora, apesar das péssimas condições e dos diálogos constantes com a prefeitura.

Para Sandra Ferreira, a situação já não pode ser mais ignorada. "Vai chegar uma hora em que as famílias não vão mais tolerar esse descaso. O que diferencia as nossas crianças? Por que a educação delas é menos importante? Por que as nossas estradas não foram incluídas no plano?", questiona.

Procurada, a prefeitura de Londrina não se manifestou sobre o assunto até o fechamento desta matéria. O texto será atualizado em caso de resposta. 

Fonte: BdF Paraná

Edição: Mayala Fernandes