Minas Gerais

Dique de mineradoras rompe em Brumadinho (MG) e afeta área de preservação ambiental; empresas foram multadas

Sedimentos atingiram a vegetação nativa e afluentes do rio Paraopeba

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Brumadinho já foi palco do maior acidente de trabalho no Brasil em perda de vidas humanas por causa da mineração - Flavio Tavares / Repórter Brasil

As atividades de três mineradoras foram suspensas em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, após o rompimento de diques. O incidente afetou o solo de uma área de preservação ambiental, gerando preocupações sobre os impactos na fauna, na flora e nos recursos hídricos. 

A suspensão ocorreu após uma fiscalização realizada em 15 de janeiro como resposta às denúncias feitas por moradores do Tejuco, uma comunidade que fica a oito quilômetros do centro de Brumadinho. A região foi uma das afetadas pelo rompimento da barragem B1 da mineradora Vale, localizada na mina Córrego do Feijão, em 25 de janeiro de 2019. 

A fiscalização, feita por equipes da Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura de Brumadinho e da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), identificaram o rompimento de um dique pertencente às mineradoras Tejucana e Ferraria, localizadas uma ao lado da outra.  

De acordo com a Defesa Civil, as famílias da comunidade não correm risco, mas o rejeito soterrou áreas da vegetação nativa e atingiu o córrego Sacomini (também conhecido como córrego do Barro), um dos afluentes da rede da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). 

Devido aos danos ambientais, as mineradoras foram multadas em mais de R$ 1 milhão, sendo R$ 390.000,00 para a mineradora Tejucana e R$ 622.080,00 para a Ferraria. Ambas têm 30 dias para recorrer da decisão. 

A Mineração Morro do Ipê também teve as suas atividades suspensas depois do transbordamento de água da mina Tico-Tico, fazendo com os sedimentos atingissem o Córrego Grande, que também deságua no rio Paraopeba. 

Em nota, a Prefeitura de Brumadinho informou que "reitera seu compromisso com a população e com a proteção ambiental. Desde o dia 1º, tem atuado com rigor no monitoramento e fiscalização das atividades minerárias no município".

A mineradora Morro do Ipê publicou um comunicado no qual reforça que "não houve danos às barragens, nem risco à população, e os sedimentos naturais são oriundos das operações da Mina, sem qualquer tipo de processamento, não havendo relação com rejeitos de barragens" e que a empresa está adotando "o ações corretivas e dialogando com os órgãos ambientais para retomar as 
atividades com a maior brevidade possível". 

O Brasil de Fato também pediu um posicionamento ao governo estadual e à mineradora Tejucana. O texto será atualizado quando houver um retorno. A reportagem não conseguiu localizar os responsáveis pela mineradora Ferraria. O espaço está aberto para pronunciamentos.



Reportagem atualizada no domingo (2) com posicionamento da mineradora Morro do Ipê. 

Edição: Nathallia Fonseca