O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, descartou nesta quinta-feira (30) qualquer negociação com os Estados Unidos sobre o Canal do Panamá, às vésperas da visita do chefe da diplomacia americana, Marco Rubio.
“Sobre a questão do canal é impossível, não posso negociar, muito menos abrir um processo de negociação sobre o canal, que está selado, o canal pertence ao Panamá”, disse o presidente em sua coletiva de imprensa semanal.
Rubio embarcará em sua primeira viagem ao exterior como secretário de Estado no fim de semana, que o levará ao Panamá, El Salvador, Costa Rica, Guatemala e República Dominicana.
A visita ocorrerá em um momento de tensão sobre as deportações em massa de migrantes latino-americanos e a ameaça do presidente Donald Trump de retomar o controle do Canal do Panamá porque, segundo ele, é “operado” pela China.
Apesar das diferenças sobre o canal, Mulino, que rejeitou as alegações de Trump, enfatizou que os Estados Unidos são a “relação privilegiada” do Panamá. “Não é a China”, acrescentou.
“A relação com os Estados Unidos é forte, sempre foi, teve altos e baixos, amor e ódio, mas sempre houve uma relação forte que fundamenta e nos permitiu superar situações muito, muito complicadas”, disse ele.
O canal, construído pelos Estados Unidos e inaugurado em 1914, está sob a soberania do Panamá há 25 anos em virtude de tratados assinados entre Washington e o Panamá.
No olho do furacão está a empresa Hutchison Holdings, sediada em Hong Kong. Desde 1997, vem operando sob concessão os portos de Balboa e Cristobal, em ambas as entradas da hidrovia interoceânica.
No entanto, essa subsidiária, a Panama Ports Company, que foi auditada pela Controladoria do Panamá, não toma nenhuma decisão sobre a hidrovia, que está sob o controle de uma entidade panamenha autônoma, a Autoridade do Canal do Panamá (ACP).
Os portos “não estão sob o domínio de governos ou forças militares de qualquer nação” nem têm “qualquer” interferência na administração do canal”, disse Mulino.
Edição: Leandro Melito