O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) está reunido em Belém (PA), entre está segunda (20) e sexta-feira (24), para a reunião da coordenação nacional, que acontece em janeiro de cada ano. O objetivo é planejar os rumos do movimento em 2025 na capital que receberá a COP30, um dos temas da reunião, que ainda discutirá as reformas agrária e ministerial no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o imposto sobre grandes fortunas e ataques a assentamentos. Cerca de 400 dirigentes estão reunidos para o evento.
É a primeira vez que o encontro acontece na região amazônica, explica João Paulo Rodrigues, da direção nacional do MST. "Esse é o momento do movimento atualizar as linhas políticas sobre a política ambiental e como nós vamos nos comportar com esse monte de iniciativa que está em curso, das energias renováveis, do tema do crédito carbono, a campanha do plantio de árvores e, em especial, o evento que vai acontecer aqui em Belém do Pará", justifica.
Sobre a reforma agrária, a missão será definir um calendário de mobilização nacional e de negociação com Lula, prevista para acontecer até fevereiro. A violência no campo também será abordada, tendo em foco o recente massacre de Tremembé, que terminou com o assassinato de dois militantes no Assentamento Olga Benário, no interior de São Paulo, no dia 10 de janeiro.
"Nós estamos surpreendidos com a quantidade de enfrentamento que tem nas áreas de assentamentos já conquistados. O bolsonarismo produziu um efeito muito ruim com o debate da titulação e virou um foco de disputa nas áreas de reserva legal e mesmo nos assentamentos", avalia Rodrigues, que cobra "muito mais força" na atuação de órgãos como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a Procuraria da Geral da República e a Polícia Federal.
"O governo tem que ir para cima de preservar as áreas conquistadas, tanto dos sem-terra, dos quilombolas, como dos indígenas. Ou seja, a terra continua sendo uma grande disputa no Brasil e o MST está muito ferido, muito triste com o assassinato dos dois militantes nossos do Vale do Paraíba durante esse ataque covarde que houve a semana passada."
Disputa política
Em relação à reforma ministerial, Rodrigues cobra de Lula uma sinalização sobre quais ministros representarão o campo progressista e as pautas sociais entre 2025 e 2026, de modo a preparar o terreno para o ano eleitoral. "Toda a área social do governo Lula precisa ter sinalização de entregas para que a gente possa ter um discurso melhor. Não acho que resolve só com troca de ministro, precisa resolver o orçamento", pontua.
Outra prioridade é definir mobilizações da classe trabalhadora e de outros setores da sociedade em defesa de um plebiscito nacional pela taxação de grandes fortunas. A pauta já foi defendida publicamente em diversas ocasiões pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas o governo ainda não avançou na implementação da medida.
Temas internacionais, incluindo a relação do governo federal com a Venezuela e Palestina, também terão espaço no encontro.
Edição: Martina Medina