Genocídio

Acordo de trégua em Gaza prevê troca de mil prisioneiros palestinos por 33 reféns israelenses

Segundo mediadores, negociações estão em ‘fase final’; resolução provoca rejeição e possível racha no governo Netanyahu

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Libertação de reféns e prisioneiros começaria por mulheres e crianças, e em uma segunda fase, homens e soldados - HAZEM BADERAFP

A primeira fase de um acordo de trégua em Gaza, que está sendo finalizado no Catar, prevê uma troca de 33 reféns israelenses por mil prisioneiros palestinos, disseram fontes próximas às negociações nesta terça-feira (14).

Segundo as informações concedidas à AFP sob condição de anonimato, a libertação começaria por mulheres e crianças. Especificaram ainda que uma "rodada final de negociações" estava planejada para acontecer em Doha, capital catari. 

O próprio governo do emirado disse mais tarde que as negociações estavam em sua "fase final", embora tenha pedido cautela até que um acordo de trégua definitivo fosse confirmado.

"Acreditamos que estamos na fase final. Esperamos que isso leve a um acordo muito rapidamente", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majel al-Ansari, à imprensa. 

Segunda fase, libertação de novos reféns

Segundo o jornal Times of Israel, "se a primeira fase for concluída, começarão as negociações para uma segunda fase para libertar o resto dos cativos" israelenses, incluindo "soldados do sexo masculino, homens em idade militar e os corpos dos reféns assassinados".

Os mediadores internacionais Catar, Egito e Estados Unidos intensificaram seus esforços nos últimos dias para chegar a um cessar-fogo entre Israel e o grupo palestino Hamas, após 15 meses de guerra.

A ofensiva israelense contra o Hamas na Faixa de Gaza eclodiu após o ataque do grupo palestino em 7 de outubro de 2023, que deixou 1,2 mil mortos segundo as autoridades de Tel Aviv. 

Por sua vez, a resposta de Israel no enclave palestino deixou pelo menos 46.500 mortos, em sua maioria civis, mulheres e crianças, além de grave crise humanitária. 

Racha no governo Netanyahu

Mesmo sem estar finalizado, o acordo para trégua na Faixa de Gaza foi rejeitado por Itamar Ben-Gvir, ministro da Segurança Nacional de Israel. O membro do governo de extrema direita do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, classificou a resolução como “terrível” e alegou que “conhece bem os seus detalhes”.

Referindo-se à troca de prisioneiros palestinos por reféns israelenses, Ben-Gvir opinou que o acordo, “inclui a libertação de centenas de terroristas assassinos e regresso de habitantes de Gaza".

Sobre os reféns israelenses que não serão libertados na primeira fase do acordo, afirmou que estes tem “seu destino selado: a morte”, sem mencionar a segunda fase que libertaria os demais detidos sob controle do Hamas. 

Falando sobre as negociações que abordam as posições das Forças de Defesa Israelenses (IDF, o Exército de Israel), o ministro de Netanyahu afirmou que o acordo “apaga efetivamente as conquistas de guerra” do seu país. 
 
“Ao longo do ano passado, por meio do nosso poder político, conseguimos impedir que esse acordo se concretizasse. Entretanto, desde então, elementos adicionais foram acrescentados ao governo, que agora apoia o acordo e não constitui mais um ato de equilíbrio”, revelou o representante de Netanyahu. 

Em oposição ao apoio do governo, Ben-Gvir afirmou que apenas “a força que se opõe” a Netanyahu pode fazer o primeiro-ministro se abster de assinar o acordo. Contudo, adiantou que o partido do qual é chefe, Otzma Yehudit, “não é suficiente na atual composição do governo para constituir uma alavanca de pressão para" impedí-lo.

Assim, pediu reforço ao ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, do partido Tkuma, contra “o terrível acordo que está sendo elaborado”, alertando que, caso seja aprovado, ambos apresentarão sua renúncia ao governo. 

Em tentativa de suavizar o alerta, Ben-Gvir garantiu que, apesar da oposição, não derrubará Netanyahu da posição de primeiro-ministro. 

*Com AFP

Edição: Leandro Melito