O mais recente aumento das tarifas de ônibus na cidade de São Paulo foi definido sem transparência nos cálculos e vai prejudicar principalmente a população mais precarizada. As afirmações foram feitas pelo especialista em mobilidade Rafael Calabria em entrevista ao programa Central do Brasil.
"Tratam a tarifa como uma receita estável, como se fosse uma fonte de renda sem nenhum risco de interrupção. Aumentam o valor sem muita preocupação com quem paga, o cidadão que usa o transporte no dia a dia."
Na capital paulista, o valor da passagem de ônibus subiu de R$ 4,40 para R$ 5,00. Calabria destacou que, embora o aumento pareça pequeno, ele impacta significativamente o orçamento das famílias de baixa renda.
"É sabido no setor de transportes que o aumento da tarifa gera impacto social. As pessoas não vão conseguir manter a mesma quantidade de viagens com a cobrança a mais de 60 centavos, que dá mais de R$ 20 por mês. É o valor de uma refeição todo mês."
Segundo Calabria, a medida é economicamente falha. "Como as pessoas vão reduzir o número de viagens no dia a dia, não vai haver nem a arrecadação que é esperada financeiramente. Do ponto de vista econômico, é uma medida equivocada e prejudicial para a sociedade."
Ele também defendeu uma revisão dos subsídios concedidos às empresas de transporte público, com foco em eficiência e justiça social. Nas palavras do especialista, é preciso tratar o transporte como um direito pleno e caminhar para a tarifa zero.
"Precisamos ir reduzindo a tarifa e ampliando benefícios, buscando outras formas de cobrir os custos. É equivocada a visão de que a redução da tarifa é um ato de populismo e um malfeito. O que é mal feito é o cálculo do custo. A SPtrans e a prefeitura não dão a devida transparência. Precisamos ter uma visão mais social disso."
Confira a entrevista completa no jornal Central do Brasil:
Aumento em mais capitais brasileiras
Outras capitais brasileiras também começaram o ano com aumentos nas passagens de ônibus. No Rio de Janeiro, o valor das viagens de ônibus subiu para R$ 4,70, e a tarifa dos trens aumentará para R$ 7,60 em fevereiro.
Em Salvador, o aumento foi de R$ 0,40, elevando a passagem para R$ 5,60. No Recife, a tarifa do Anel A, utilizado por 99% dos passageiros, subiu de R$ 4,10 para R$ 4,30. Em Natal, a passagem de ônibus passou a custar R$ 4,90, e R$ 4,30 para as linhas de bairro.
Já em Belo Horizonte, a passagem das linhas curtas subiu para R$ 2,75 e das linhas convencionais para R$ 5,75. Por fim, em Florianópolis, a tarifa para usuários do Cartão Cidadão subiu para R$ 5,75, e para pagamentos em dinheiro ou QRCode para R$ 6,90.
Edição: Nicolau Soares
