O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, visitou Moscou no último domingo (22) e criticou a decisão do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de não renovar o acordo de fornecimento de gás russo que atravessa o território ucraniano e é distribuído aos países da UE.
De acordo com Fico, a decisão ameaça a gerar uma crise energética na Eslováquia. Segundo Fico, Zelensky afastou a possibilidade de trânsito de qualquer gás por suspeitar que possa ser russo.
Após a sua visita a Moscou, Fico disse que Putin confirmou a disponibilidade da Rússia para continuar o fornecimento de gás ao Ocidente e à Eslováquia. No entanto, segundo o primeiro-ministro da Eslováquia, isso é praticamente impossível depois de 1º de Janeiro de 2025 por conta da posição de Kiev.
Entenda o contexto
A reunião entre Fico e Putin aconteceu no contexto do fim do acordo que permite que o gás russo atravesse o território ucraniano para ser distribuído para a Europa, que expira em 31 de dezembro. A Eslováquia é um dos países que critica a não renovação do acordo, junto com a Hungria.
Atualmente, após as sanções ocidentais, o gasoduto que atravessa a Ucrânia é praticamente o único que permite que o combustível russo chegue aos países da UE.
A Ucrânia declarou que vai interromper o trânsito de gás e petróleo russos para a Europa a partir de 1º de Janeiro de 2025. A União Europeia ainda é muito dependente do gás russo. Mesmo com os severos cortes feitos após o início da guerra da Ucrânia, cerca de um quinto do gás usado na Europa ainda vem da Rússia.
Por outro lado, existe uma resistência dentro do bloco europeu, que não deseja que o acordo entre Rússia e Ucrânia seja suspenso. Em particular, países como Hungria e Eslováquia afirmam que o fim do acordo poderia complicar o fornecimento de gás e elevar ainda mais os preços para os consumidores europeus.
Zelensky oferece compensação
Já na noite da última segunda-feira (23), ao comentar a visita de Fico a Moscou, o presidente ucraniano ofereceu à Eslováquia uma compensação pelas perdas devido ao cancelamento do trânsito de gás russo e qualquer outro gás que não fosse o russo.
"Fizemos-lhe uma oferta de possível compensação para os eslovacos - especificamente para os eslovacos - pelas perdas do trânsito russo, e por alternativas de trânsito - qualquer outro gás, não russo, a pedido da Comissão Europeia. Estávamos prontos para o fazer. Fico não queria compensação para os eslovacos. E não quer cooperar com a Comissão Europeia. Por alguma razão, é mais rentável para ele em Moscou", disse Zelensky.
Robert Fico classificou a sua visita a Moscou como uma "resposta" ao presidente ucraniano. O primeiro-ministro declarou que na quinta-feira passada (19), Zelensky lhe disse que era contra qualquer trânsito de gás através da Ucrânia para a Eslováquia.
Edição: Rodrigo Durão Coelho