Racha interno

Após racha com Noboa, justiça determina que vice-presidente do Equador pode retornar ao cargo

Ao reassumir, Abad poderá substituir Noboa enquanto ele faz campanha para a reeleição nas eleições de fevereiro

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
A vice-presidente do Equador, Veronica Abad, segura uma bandeira equatoriana ao lado de seu pai, Alberto Abad, em Quito, em 23 de dezembro de 2024 - Galo Paguay / AFP

A vice-presidente do Equador, Veronica Abad, que está em desacordo com o presidente de extrema direita, Daniel Noboa, poderá retornar ao seu cargo depois que uma decisão judicial anulou nesta segunda-feira (23) uma suspensão de cinco meses, alegando que seus direitos constitucionais haviam sido violados.

Ao reassumir suas funções, Abad poderá substituir Noboa enquanto ele faz campanha para a reeleição nas eleições de 9 de fevereiro, conforme estipulado na Constituição. Abad compareceu à audiência carregando uma bandeira equatoriana e disse aos jornalistas que a senteça judicial será analisada com sua equipe de trabalho no gabinete da vice-presidência.

Antes de a decisão ser anunciada, Noboa disse em uma entrevista de rádio na manhã de segunda-feira que foi “um erro” ter escolhido Abad como sua companheira de chapa.

“O Ministério do Trabalho da República do Equador é condenado a anular a resolução do sumário administrativo” que suspendeu Abad por suposto abandono injustificado de suas funções enquanto ela era embaixadora em Israel, disse a juíza Nubia Vera. Ao final da audiência, ela denunciou a pressão dos funcionários do Judiciário para que decidissem contra a vice-presidente.

A decisão “imediata” também ordena que a ministra do Trabalho, Ivonne Núñez, apresente um pedido público de desculpas e que a vice-presidente receba a remuneração que deixou de receber como resultado da sanção administrativa.

Em setembro, diante da escalada do conflito no Oriente Médio, Abad foi transferida para a Turquia por motivos de segurança. Ao suspendê-la, o Ministério do Trabalho argumentou que ela deveria estar em Ancara até 1º de setembro, mas chegou cinco dias depois.

Damián Armijos, advogado da vice-presidente, disse à imprensa que “ficou absolutamente claro” que Abad “nunca cometeu o delito do qual foi acusada e que o Ministério do Trabalho desrespeitou suas próprias regras, que o Ministério do Trabalho violou a presunção de inocência e agiu com uma série de irregularidades”.

Em novembro, a Assembleia Nacional do Equador aprovou nesta uma moção reprovando e desconhecendo o afastamento da vice-presidente, Verónica Abad. Os congressistas também aprovaram a convocação da ministra do Trabalho, Ivonne Núñez, para comparecer ao plenário prestar esclarecimentos sobre o afastamento. 

A resolução foi aprovada com 86 votos a favor e 27 contra, todos estes últimos vindos do partido do presidente Daniel Noboa. A vice acompanhou a discussão por videochamada e reforçou que o seu afastamento foi uma medida política do chefe do Executivo e que não foi apresentada nenhuma prova contra ela.

*Com AFP

 

Edição: Leandro Melito