Tragédia

Caminhoneiro com habilitação suspensa e rodovia sem radar: o que se sabe até o momento sobre o acidente que matou 41 pessoas em MG

Três mortes foram confirmadas neste domingo (22); batida ocorreu na BR-116 e envolveu ônibus e mais dois veículos

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Acidente ainda está sob investigação; Corpo de Bombeiros, Polícia Civil de MG e PRF atuam no caso - Corpo de Bombeiros/MG

Com mais três mortes confirmadas neste domingo (22), o acidente que vitimou 41 pessoas na rodovia BR-116, em Minas Gerais, já é considerado a maior tragédia em estradas federais desde 2007, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF). A batida envolveu um ônibus, uma carreta e um carro de passeio que trafegavam pelo município de Lajinha (MG) na madrugada de sábado (21). O ônibus envolvido no acidente havia saído do terminal do Tietê, em São Paulo (SP), na manhã de sexta (20), com destino à Bahia. A colisão feriu pelo menos 11 pessoas e provocou o incêndio dos veículos envolvidos. O caso segue em apuração por parte de peritos e autoridades policiais.

Até o momento, as autoridades confirmam, por exemplo, que a batida envolveu pelo menos 49 pessoas, a maior parte delas do ônibus, que levava um motorista e 44 passageiros. Outros três envolvidos viajavam no carro de passeio e um motorista conduzia a carreta. Informações cedidas pela Prefeitura do município de Teófilo Otoni (MG) apontam que sete passageiros foram levados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) local e quatro seguiram para uma unidade hospitalar.

Os corpos dos mortos foram levados para o Instituto Médico Legal (IML) de Belo Horizonte (MG). Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais, o balanço total de óbitos só será confirmado depois que todas as vítimas forem identificadas. Foi verificada até agora a identidade de 12 pessoas, cujos corpos têm previsão de liberação para este domingo (22). Ainda não se sabe se todos eles eram de ocupantes do ônibus.

Autoridades da PRF afirmaram que a maioria das mortes se deu por conta do incêndio no ônibus. Em entrevista ao portal G1, o agente Fabiano Santana disse que a batida teria sido “uma tragédia sem precedentes para a região”. "Foram vítimas resgatadas para o hospital, pessoas que se queimaram tentando resgatar vítimas, crianças pedindo para resgatar os pais", enumerou.

Causa

Informações colhidas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) apontam que uma pedra de granito transportada pela carreta teria se soltado no momento em que o veículo cruzou com o ônibus na estrada. Ao se desvincular da carreta, a rocha teria acertado o ônibus, levando à explosão do veículo e provocando as mortes. O envolvimento do terceiro veículo no acidente teria se dado porque o carro não conseguiu frear e colidiu com a traseira da carreta. A suspeita é de que o excesso de peso da pedra de granito não teria sido suportado pelo caminhão, ocasionando a batida.

As apurações sobre a conjuntura do acidente estão sob a responsabilidade da Polícia Civil de Minas Gerais. Na manhã deste domingo, o Corpo de Bombeiros informou que os detalhes da batida seguem sob averiguação e só poderão ser totalmente confirmados por meio do relatório pericial.

Motorista

As autoridades entendem, com base nas primeiras informações, que o motorista da carreta teria sido o responsável pelo acidente. Ele teve a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) apreendida há dois anos após dirigir sob suspeita de consumo de álcool e por isso não tinha autorização para dirigir. Na ocasião, ele foi pego numa blitz da Lei Seca e se recusou a fazer o teste do bafômetro. O condutor não teve a identidade revelada pelas autoridades. Ele é considerado foragido e tem sido alvo de buscas por parte da polícia.

Radares

Um dos pontos de realce entre as informações relacionadas ao acidente é a ausência de radares nas proximidades do local do acidente. Segundo apuração da emissora InterTv, afiliada da TV Globo, no trecho da BR-116 onde ocorreu a batida havia, anteriormente, um fotossensor que indicava limite de velocidade de 60km/h, mas esse e outros equipamentos foram retirados após vencimento do contrato de manutenção dos radares, que é administrado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

Em nota enviada à imprensa, o órgão confirmou que o contrato havia sido encerrado e disse que uma nova empresa vai assumir a reinstalação dos radares a partir de 2025. Segundo informações publicadas pelo G1, o Dnit responde por 77 equipamentos do tipo em Minas Gerais, estado que tem a maior malha viária do país. São 5,2 mil km de rodovias ao alcance do trabalho do órgão no estado, o que significa que há uma média de um fotossensor para cada 67 km de estrada.

Vítimas

Neste domingo, a Emtram divulgou a lista com os nomes dos 45 passageiros que estavam no ônibus, na qual constam 39 vítimas fatais e seis sobreviventes. Confira abaixo:

1. Juliana Nascimento dos Santos Fonseca
2. Gerenildo Silva do Fonseca
3. Max Borges dos Santos
4. Pyetro Enzo da Silva Costa
5. Delbra Maria da Silva
6. Roberto Almeida Brasileiro
7. Marineis Maria da Silva Dias
8. Erinaldo Vieira do Amaral
9. Anailda Marinho dos Santos
10. Paulo Nunes Bispo Oliveira
11. Marcos A F Costa
12. Tiburtino Ribeiro Dias
13. Gileusa S Santos
14. Camilly S Santos
15. Soraya dos Santos Guedes
16. Natanael Roberto de Souza
17. Alexandre dos Santos
18. Amilton Josafa de Souza
19. Pablo Vinicius Silva
20. Selma Soares de Jesus
21. Rita de Sousa Santos
22. Antonival G dos Santos
23. Risia Rosa Rocha
24. Josemar do Carmo Ribeiro
25. Rai Freires Silva
26. Uanderson da Silva
27. Selma Batista de Moraes Prates
28. Robson dos Santos Silveira
29. Fabio Alves Prates
30. Claudinei dos Santos
31. Caio Novais Santos
32. Luiz Gustavo Prates Batista
33. Milena Britto
34. Shirley da Silva Ferreira
35. Josinaldo Pereira
36. Valentina de Jesus Pereira
37. Bianca de Jesus Ferreira
38. Karine Boldrini
39. Weberson da Silva Ribeiro (motorista)

Sobreviventes

1. Ingrid Alves dos Santos (hospitalizada)
2. Laura Amaral Marinho (hospitalizada)
3. Fledson José dos Santos Silva (hospitalizado)
4. Pedro Boldrini Lima (hospitalizado)
5. Natalicio Araújo Ramos (alta hospitalar)
6. Gilberto Gomes de Souza (alta hospitalar)


 

Edição: Geisa Marques