O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que assume o cargo em janeiro de 2025, ameaçou nesta sexta-feira (20) cobrar tarifas da União Europeia se o bloco não comprar mais petróleo e gás estadunidenses.
O republicano escreveu em sua rede social, Truth Social, que já avisou a UE que "eles devem compensar seu enorme déficit com os Estados Unidos por meio da compra em larga escala de nosso petróleo e gás".
"Caso contrário, serão muitas tarifas!", completou Trump. O magnata já ameaçou impor taxas a alguns dos principais parceiros comerciais do país, o que poderia provocar um enorme revés em toda a economia global.
Em novembro deste ano, após o resultado das eleições presidenciais, Trump já havia dito que aumentaria as taxas em 25% para México e Canadá se os países não aumentarem os esforços para controlar a migração e o tráfico de drogas ao longo da fronteira com os EUA.
Além disso, Trump também já ameaçou aumentar em 10% as tarifas alfandegárias sobre a China, país que ameaça a hegemonia política e econômica de Washington.
Trump também não poupou os Brics e ameaçou impor tarifas de 100% aos países do bloco - composto pelos países fundadores Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -, as nações adotem, em suas transações comerciais, uma moeda própria ou qualquer outra moeda em substituição ao dólar estadunidense.
Segundo ele, os Estados Unidos não vão mais "ficar parados" e apenas "assistindo" à tentativa dos países dos Brics de se afastarem do dólar como moeda usada nas transações comerciais internacionais.
Ainda na última segunda-feira (16), em declaração à imprensa, Trump disse que o Brasil "cobra caro" em produtos importados e que essa prática será "recíproca" a partir de 2025.
Canadá em crise política
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciou nesta sexta-feira (20) mudanças em um terço de seu gabinete. A medida acontece em meio a uma crise política após a sua vice, Chrystia Freeland, renunciar.
Freeland, que é ex-ministra da Economia e colaboradora de Trudeau durante uma década, justificou a saída devido a diferenças sobre a estratégia para responder às ameaças de Trump de elevar as tarifas alfandegárias para produtos canadenses, o que pode criar uma possível "guerra comercial" quando o republicano assumir o cargo em 20 de janeiro.
"Nossa equipe se concentrará no que mais importa para os canadenses: tornar a vida mais acessível, fazer a economia crescer e criar bons empregos para a classe média", disse Trudeau em um comunicado no qual não mencionou as tensões atuais.
Trudeau, do partido Liberal, enfrenta sua maior crise política desde que chegou ao poder há nove anos, com uma minoria no Parlamento, a perda de aliados na esquerda e um descontentamento crescente dentro da própria bancada.
Os Estados Unidos são o principal parceiro comercial do Canadá e destino de 65% das exportações canadenses. Cerca de dois milhões de pessoas no Canadá vivem desse comércio, de um total de 41 milhões de habitantes.
*Com Al Jazeera e AFP
Edição: Lucas Estanislau