Sisamnes

PF deflagra nova fase da operação que investiga venda de sentenças na Justiça do Mato Grosso

Investigação mira agora o esquema de lavagem de dinheiro proveniente das vendas de sentenças

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
O caso está tramitando no Supremo Tribunal Federal (STF) uma vez que as investigações chegaram até nomes do Superior Tribunal de Justiça (STJ) - Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta sexta-feira (20), a segunda fase da Operação Sisamnes, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro proveniente de venda de decisões judiciais no Mato Grosso.  

O caso está tramitando no Supremo Tribunal Federal (STF) uma vez que as investigações chegaram até nomes do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que só podem ser investigados no âmbito da Corte. O nome da operação faz referência ao juiz Sisamnes, da mitologia persa, que teria aceitado um suborno para proferir uma sentença. 

De acordo com a corporação, foram identificadas operações imobiliárias feitas pelos investigados com o "aparente propósito de dissimular a origem ilícita do dinheiro utilizado para financiar a compra de imóveis residenciais e de veículos".  

Além de mandados de busca e apreensão, o ministro Cristiano Zanin, do STF, autorizou o afastamento de servidores do Poder Judiciário, a proibição de contato com outros investigados e a saída do país, o recolhimento de passaportes, o bloqueio de R$ 1,8 milhão dos investigados e o sequestro dos imóveis adquiridos por um magistrado também investigado. 

As investigações começaram em agosto deste ano, quando os desembargadores do Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJ-MT), Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho, foram afastados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), pelo recebimento de dinheiro em troca de decisões judiciais favoráveis ao advogado Roberto Zampieri, assassinado em dezembro do ano passado. Agora, os magistrados são monitorados por tornozeleira eletrônica. 

Zampieri teria sido morto a mando de Aníbal Manoel Laurindo depois que o fazendeiro perdeu judicialmente duas propriedades em Paranatinga, a 411 quilômetros de Cuiabá, avaliadas em cerca de R$ 100 milhões. Zampieri foi morto com 10 tiros enquanto saía do seu escritório. 

"Uma das fazendas pertence ao irmão de Aníbal e já teve um mandado de reintegração de posse, então ele perdeu a posse daquela terra. No momento da execução da sentença, começou a se discutir que a fazenda de Aníbal também pertenceria àquela mesma fatia da decisão. Ele entrou com uma intervenção tentando defender a sua posse, porém, estava prestes a perder também", informou o delegado responsável pela investigação, Nilson Farias, ao g1 em março deste ano. 

Os envolvidos podem responder pelos crimes de organização criminosa, corrupção, exploração de prestígio e vazamento de informações sigilosas. O caso corre em segredo de Justiça. Em nota, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso informou que tem conhecimento do caso e que está à disposição para contribuir com as investigações. 

Edição: Nathallia Fonseca