Em meio às revelações de envolvimento de militares no enredo golpista que planejava assassinatos de autoridades da República em 2022, a bancada do Psol oficiou o Ministério da Defesa para pedir a extinção do batalhão dos chamados "kids pretos", espécie de tropa de elite do Exército. O documento foi enviado nesta segunda-feira (16), ocasião em que o partido também protocolou um pedido de informações sobre a dinâmica de funcionamento dos batalhões especiais das forças Armadas.
A solicitação vem após a prisão, no último sábado (14), do general Braga Netto, filiado ao PL e ex-ministro do governo Jair Bolsonaro (PL), cujo nome está implicado na trama, segundo investigações da Polícia Federal (PF). O ofício pede a extinção do Batalhão das Forças de Operações Especiais do Exército mencionando o que chama de "evidências de desvio de finalidade e uso incompatível com os valores e a missão do Exército Brasileiro". O partido defende que a estrutura humana e orçamentária da unidade seja repassada para outras unidades das Forças Armadas cuja atuação esteja em sintonia "com os preceitos constitucionais".
"É inegável que setores das Forças Armadas no Brasil têm uma péssima tradição golpista. A história da República comprova. Agora, nesse momento crucial, em que se apura a tentativa de golpe para impedir a posse e, depois, para impedir o próprio governo de Lula, é fundamental a gente investigar esses destacamentos especiais", afirma o deputado Chico Alencar (Psol-RJ), mentor dos pedidos no âmbito da bancada. O partido pede que o Ministério da Defesa apresente dados como conteúdo dos treinamentos, principais atividades dos últimos cinco anos, fontes de recursos operacionais e detalhes da hierarquia adotada no âmbito dos trabalhos, bem como outras informações.
Dados do Exército apontam que o grupo reúne uma média de 2,5 mil militares. Tais tropas foram criadas em 1957 e aglutinam agentes da ativa ou da reserva do Exército que sejam considerados especialistas em operações especiais. Segundo a PF, quatro dos seus integrantes seriam suspeitos de envolvimento com o plano de golpe de Estado que visava interditar a posse do presidente Lula (PT), que derrotou Bolsonaro nas urnas em outubro de 2022, e limitar a atuação do Poder Judiciário.
Edição: Thalita Pires