MÍDIAS ALTERNATIVAS

Brasil de Fato é convidado no Ciclo de Debates Novas Fronteiras do Ativismo Social em Porto Alegre

'Temos sempre que lembrar de quem nós somos e ampliar cada vez mais nossas vozes', defende Katia Marko

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
O encontro teve a participação do Brasil de Fato RS, da Rede de Economia Solidária e Feminista (RESF) e do professor Matheus Mazzilli Pereira - Marcela Brandes

O espaço Maria Maria, no Centro Histórico de Porto Alegre (RS), acolheu na noite da última quinta-feira (12), mais uma edição do Ciclo de Debates Novas Fronteiras do Ativismo Social, mediado pelo professor Luiz Inácio Gaiger, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Com o tema central alternativas de mídia e jornalismo, a editora-chefe do Brasil de Fato RS, Katia Marko, apresentou o trabalho que o veículo popular e alternativo vem realizando no Rio Grande do Sul.

Para trazer a memória do cenário em que o jornal nasceu em 2003, Katia apresentou imagens em vídeo do dia do lançamento do Brasil de Fato no Fórum Social Mundial, no antigo Araújo Viana, com a presença de 7 mil pessoas, empolgadas com a iniciativa pioneira de jornalismo organizada por movimentos populares brasileiros.

A mesa de abertura mostrou o peso do momento: lá estavam o escritor uruguaio Eduardo Galeano, a médica cubana Aleida Guevara, filha do Che, o linguista estadunidense Noam Chomsky, a argentina Hebe de Bonafini, líder das Mães da Praça de Maio, o fotógrafo Sebastião Salgado e o teólogo Leonardo Boff, entre outros nomes da esquerda nacional e mundial, além do primeiro editor a liderar o projeto, o jornalista e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) José Arbex. 

"Temos sempre que lembrar de quem nós somos. Não podemos acreditar no que a extrema direita quer que sejamos. Temos sempre que mostrar de que lado estamos das trincheiras. A palavra final é vitória, não tem outro caminho. O mundo não suporta mais o capitalismo. Não suporta mais essa exploração. Nós temos que falar de revolução, não podemos mais ficar encolhidos. A palavra utopia tem que voltar para o nosso dia a dia. Não podemos ficar na miudeza apagando incêndio. Realmente enxergar além", destacou Katia.

Para Katia, "o desafio é acreditarmos em nós", não sendo mais possível só ficar lamentando sobre a grande imprensa. Ela citou que o portal teve 1,2 milhões acessos neste ano e seu perfil no Instagram viu o número de seguidores mais do que duplicar em relação a 2023, chegando a 23 mil.

"Esses números que eu trouxe são do Brasil de Fato do RS, ainda tem o nacional e muitos outros veículos, como o Sul21, o Matinal, o Catarse, que também tem números expressivos, rádios comunitárias como a RadioCom Pelotas e tantas outras que resistem. A gente nunca mediu quanto é tudo isso de audiência. Ou seja, a gente chega a muita gente. Lançamos semana passada uma matéria sobre a exploração no Zaffari, está sendo pauta nacional e avançando a luta. Não temos força? Até quando vamos ficar encolhidos? Ou nos desafiamos a realmente trabalhar em rede. O principal desafio é ampliar ainda mais as nossas vozes!"

Ao falar dos avanços significativos em números crescentes de visualizações em redes sociais dos seis anos de trabalho do Brasil de Fato no Rio Grande do Sul, Katia destacou a importância de nos reconectarmos com as periferias e da necessidade de cada vez mais expandir nossa visualização e a voz do trabalhador. "Quanto mais visibilidade nós tivermos, mais vai ter gente querendo investir, então o financeiro é consequência. O financeiro é importante, mas temos que enxergar maior. E nós estamos conseguindo isso", afirma a jornalista. 

O encontro também contou com a participação do Coletivo Comentador, a Rede de Economia Solidária e Feminista (RESF), e do analista do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Matheus Mazzilli Pereira. 


Katia Marko apresentou o importante trabalho que o Brasil de Fato vem realizando no Rio Grande do Sul no ciclo de debates do espaço Maria Maria / Foto: Marcela Brandes

“A gente enfrenta essa dificuldade de fazer com que a rede feminista tenha essa visibilidade. Acreditamos que jornais e mídias ativistas e alternativas como o Brasil de Fato são muito importantes para fazer com que os movimentos sociais, políticos e de alternativa de transformação social consigam ter o alcance, a amplitude e o engrandecimento para gente, de fato, não tirar a utopia e não se esconder. Porque a gente muitas vezes não quer se esconder, apenas a nossa voz não está conectada e a gente acaba sem amplitude para chegar no ouvido das outras pessoas e ter essa relação espraiada por toda a nossa sociedade para gente transformar”, relatou Drica.

"Eu queria parabenizar os números apresentados do Brasil de Fato que são brilhantes. O aumento do número de seguidores em 2024 nas redes sociais é impressionante. E ainda diante de um cenário que não está nada a favor, em que a maré está toda contra. Isso demonstra um jornalismo de qualidade, sério, e a capacidade de mesmo em meio a circunstâncias muito restritas conseguir vitórias", comentou Matheus Mazzilli.

Confira o debate na íntegra:


Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Katia Marko