O Quilombo Sacopã, localizado na zona sul do Rio, foi um dos territórios beneficiados com o decreto do presidente Lula (PT) de declaração de interesse social para quilombos, para fins de desapropriação de terrenos, em oito estados brasileiros. Este decreto é considerado uma parte fundamental para a titulação dos territórios.
A assinatura ocorreu no final do mês de novembro, em que é celebrado o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Foram declarados de interesse social 15 territórios quilombolas, totalizando 1.123 famílias e aproximadamente quatro mil pessoas quilombolas, nos seguintes estados: Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Rio, Paraíba, Piauí, Paraná e São Paulo.
Entre os decretos estão ainda o do Quilombo Pitanga de Palmares, em Simões Filho (BA), onde a liderança quilombola mãe Bernadete foi assassinada, em 2023; e o do Quilombo de Iúna, em Lençóis (BA), que inspirou o livro Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior.
Histórico
Em meio a prédio e mansões do bairro da Lagoa, um dos bairros com metro quadrado mais caro da cidade do Rio, o Quilombo Sacopã resiste há 110 anos, mantendo viva sua cultura e ancestralidade. O local também é conhecido por suas tradicionais feijoadas, que já receberam artistas como Zeca Pagodinho e a saudosa Beth Carvalho.
A reportagem do Brasil de Fato RJ esteve no território quilombola ano passado e conversou com a liderança José Luiz Pinto, conhecido como Luiz Sacopã. Ele vive há 81 anos no local e contou que sua família viveu lá desde seu início, enfrentando as remoções em seu entorno.
:: Quilombo Sacopã: símbolo de resistência da natureza e ancestralidade no Rio de Janeiro ::
O Quilombo Sacopã foi criado no fim do século 19 pelos antepassados de Luiz Sacopã, que vieram refugiados da região serrana e dos lagos. Apenas em 2014 o quilombo foi de fato reconhecido pela Fundação Cultural Palmares.
Edição: Clívia Mesquita