Rio de Janeiro

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Operações policiais deixam duas mulheres mortas e uma ferida em favelas do Rio

Grande Rio contabilizou 63 pessoas atingidas por bala de fogo durante operações policiais no último mês

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Alessa Vitorino foi baleada na favela da Maré e a médica militar Gisele Mendes, no Lins, na zona norte do Rio - Reprodução/Redes sociais

Em menos de 24 horas, três mulheres foram baleadas em operações policiais em favelas do Rio. Duas delas não sobreviveram. Alessa Vitorino, de 30 anos, foi atingida nas costas na Vila do João, na Maré, na última segunda-feira (9). Ela foi socorrida, mas chegou morta à UPA da região. Outra morte foi a da médica Gisele Mendes de Souza e Mello, de 55 anos, atingida durante um evento que ocorria dentro do Hospital Naval Marcílio Dias, em Lins de Vasconcelos, na zona norte, na última terça (10).

Na Maré, Alessa Vitorino e sua amiga Evelin Tayna, que foi baleada na perna, foram atingidas durante uma operação da Polícia Civil, em mais uma fase da Operação Torniquete, que visa prender criminosos ligados ao roubo de carros e de cargas. O tiroteio teve impactos nas três principais vias expressas da cidade, a Avenida Brasil, a Linha Vermelha e a Linha Amarela.

A Delegacia de Homicídios ainda tenta descobrir de onde partiram os tiros. Segundo informações divulgadas na imprensa, a cena do crime não foi preservada, o que pode atrapalhar as investigações. A deputada estadual Renata Souza (Psol) foi às redes sociais cobrar a apuração do caso.

"Essa é a política de segurança pública do governador Cláudio Castro, orientada pelo confronto, pela guerra, e não na inteligência e informação para a prevenção de tiroteios e da vida da população. As investigações para saber de onde partiram os tiros é urgente para a responsabilização dos culpados", escreveu.

De acordo com dados do Fogo Cruzado, entre as 140 pessoas baleadas em novembro deste ano no Grande Rio, 45% delas (63 vítimas) foram atingidas durante operações policiais: 16 morreram e 47 ficaram feridas. 

Militar baleada 

A médica Gisele Mendes de Souza e Mello era geriatra e também atuava como superintendente do hospital naval. Segundo a Polícia Militar, ocorria uma operação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Lins. A médica foi atingida na cabeça por um disparo de arma de fogo, passou por cirurgia, mas não resistiu ao ferimento. A Marinha do Brasil lamentou a morte da Capitã de Mar e Guerra.


Alessa Vitorino foi baleada na favela da Maré e a médica militar Gisele Mendes, no Lins, na zona norte do Rio / Reprodução/Redes sociais

O filho mais velho de Giselle, Carlos Eduardo Mello, salientou que a morte da mãe aconteceu no Dia Internacional dos Direitos Humanos e no aniversário de 22 anos de seu irmão. Em entrevista ao jornal O Globo, ele criticou a política de segurança do Estado.

"Ninguém quer atacar realmente as causas do caos urbano que vivemos. Ninguém quer atacar a desigualdade social, ninguém quer dar igualdade de oportunidades, ninguém quer garantir direitos básicos para os que mais precisam, que, sem isso, buscam formas de sobrevivência. Sempre haverá quem aceite entrar para o tráfico, quem aceite pegar uma arma para ganhar dinheiro", disse ao veículo.

Edição: Clívia Mesquita