em São Paulo

Violência policial é tema central em evento de arrecadação para Casa Carlos Marighella

Campanha busca recursos para reconstrução do espaço onde viveu o guerrilheiro em Salvador (BA)

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Evento de arrecadação teve apresentações artísticas e presença de personalidades políticas - Monyse Ravena/Brasil de Fato

O Galpão Cultural Elza Soares, no centro de São Paulo, recebeu nesta terça-feira (10) artistas e personalidades do meio político para o evento da campanha de arrecadação para a reconstrução da Casa Carlos Marighella, em Salvador (BA).  

No palco, o rapper Rashid mencionou os recentes casos de violência policial para lembrar que Marighella foi, também, uma vítima. "Marighella viveu pelas ruas e morreu na rua. Por elas é que suas ideias eram disseminadas, enquanto nelas mesmas ele era seguido pelos milicos", denunciou o rapper.  

Carlos Marighella nasceu em Salvador e, aos 25 anos, em 1936, se mudou para o Rio de Janeiro, onde contribuiu para a reorganização do Partido Comunista Brasileiro (PCB), após a derrota da chamada "intentona comunista". Foi preso e torturado por mais de um ano pela polícia do regime de Getúlio Vargas. 

Com o fim da Era Vargas, foi anistiado e eleito deputado constituinte em 1946. No entanto, logo foi cassado, assim como os demais parlamentares eleitos pelo PCB. Em julho de 1968, fundou a Ação Libertadora Nacional (ALN), e dirigiu ações de guerrilha urbana contra o regime autoritário. Na noite de 4 de novembro de 1969, ele foi executado por agentes do Departamento de Ordem Política e Social (Dops-SP), em uma emboscada, sem direito de defesa. 

Thiago Torres, sociólogo e youtuber conhecido como Chavoso da USP, lembrou que, em 2024, muitos anos depois do assassinato de Marighela, a polícia continuam fazendo vítimas. "Nos últimos dias tivemos muitos casos de violência policial. A ditadura não acabou pra grande parte da nossa população", diz. O sociólogo ressaltou que a polícia do estado da Bahia é a mais letal do país.  

Para Adriano Diogo, ex militante da ALN, a recuperação da casa tem uma grande importância histórica e museológica. "Essa casa representa o nascimento e a vida de Marighella", diz.  

A Casa Carlos Marighela, imóvel onde viveu o político, guerrilheiro e poeta, será dedicada a atividades culturais e formação política, no bairro de Nazaré, em Salvador. A transformação do imóvel foi anunciada em novembro e agora depende da arrecadação financeira para ser realizada. O espaço irá sediar o Instituto Carlos Marighela e Clara Charf.    

"Lugar de encontro, de resgate e de resistência. Espaços como esses são necessários e continuarão sendo enquanto houver casos de violência policial como os que estamos acompanhando nos últimos dias", ressalta Rashid.  

O evento de inauguração da campanha de arrecadação teve a presença dos artistas Fabiana Cozza, Don L e KL Jay, e de personalidades do meio político: José Dirceu; Rose Nogueira, jornalista e ex-militante da Ação Libertadora Nacional (ALN); Luana Alves, vereadora pelo Psol; Rashid, rapper e produtor; JR Freitas e Galo de Luta, ambos motoboys e militantes.    

As contribuições podem ser feitas pelo site da campanha. Para acessá-lo, clique aqui

Edição: Thalita Pires