O Estado brasileiro foi condenado nesta quarta-feira (4) pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pelo desaparecimento forçado de 11 jovens moradores da favela de Acari, na zona norte do Rio, em 1990.
O caso ocorreu em Magé, na Baixada Fluminense, em 26 de julho de 1990, quando um grupo de aproximadamente seis homens encapuzados sequestrou Wallace Souza do Nascimento, Hedio Nascimento, Luiz Henrique da Silva Euzébio, Viviane Rocha da Silva, Cristiane Leite de Souza, Moisés dos Santos Cruz, Edson de Souza Costa, Luiz Carlos Vasconcellos de Deus, Hoodson Silva de Oliveira, Rosana de Souza Santos e Antonio Carlos da Silva. Desde então, não se sabe o paradeiro deles.
Os encapuzados se identificaram como agentes da polícia e pediram dinheiro. A suspeita é que eles seriam integrantes dos “Cavalos Corredores”, um grupo de extermínio que atuava na Favela de Acari na época.
Condenação
O Estado foi condenado uma série de medidas: seguir com a investigação do desaparecimento; efetuar uma busca rigorosa do paradeiro deles; realizar um ato público de reconhecimento de responsabilidade internacional; criar no bairro de Acari um espaço de memória; proporcionar atendimento médico e psicológico às famílias; reparação financeira às vítimas; além de elaborar um estudo sobre a atuação de milícias e grupos de extermínio no estado.
A sentença deverá ser entregue na próxima semana à ministra dos Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo dos Santos. Em nota à Agência Brasil, o ministério informou que participou do ato de notificação da sentença e classificou a decisão como “histórica”.
Mães de Acari
As Mães de Acari ganharam notoriedade ao cobrarem avanço nas investigações e responsabilização pelo crime. Em maio deste ano, mães das vítimas receberam a Medalha Tiradentes durante a Semana Municipal em Memória das Vítimas da Violência Armada.
O movimento foi pioneiro ao denunciar a omissão do Estado, buscando por meios próprios as respostas que não foram dadas pelas instituições. Ao longo desta busca, Edmea da Silva Euzébio, uma das lideranças, foi executada a queima-roupa, no centro do Rio. Apesar disso, o movimento seguiu na luta, com grande repercussão nacional e internacional.
Edição: Vivian Virissimo