DIREITOS HUMANOS

l Seminário do RS sobre Política Antimanicomial entrega carta de recomendação a gestores

Com tema 'Fechando o Manicômio, promovendo a liberdade', evento visa pessoas com transtornos mentais em conflito com lei

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
l Seminário Estadual sobre a Política Antimanicomial aconteceu nesta segunda-feira (25) na UniRitter em Porto Alegre - Marcela Brandes

O I Seminário Estadual sobre a Política Antimanicomial do Rio Grande do Sul para pessoas com transtornos mentais em conflito com a lei teve como tema: "Fechando o Manicômio, promovendo a liberdade". O evento aconteceu nesta segunda-feira (25), com a participação de profissionais da saúde mental, judiciário, estudantes e gestores, para pensar e debater os processos de descriminalização e desinstitucionalização psiquiátrica.

As mesas de debates sugeriram ações aos direitos dos usuários e trabalhadores de saúde mental à Carta de Recomendação Antimanicomial que será enviada aos órgãos gestores pelas políticas públicas de cuidado em liberdade para pessoas com transtornos mentais que enfrentam processos na justiça.

A atividade foi promovida pelo Fórum Gaúcho de Saúde Mental em parceria com o Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul (CRPRS), Fórum Justiça, Ouvidoria da Defensoria Pública do RS e Centro Universitário Ritter dos Rei (UniRitter), onde foi realizado o encontro, em Porto Alegre.


Com o tema "Fechando o manicômio, promovendo a liberdade", encontro debate a política estadual de saúde mental / Foto: Marcela Brandes

Uma das pautas foi a criação de um Grupo de Trabalho para garantir a democratização das políticas públicas. Segundo Sandra Fagundes, ex-secretária municipal e estadual de saúde, não dá para construir política pública sem participação social e dos movimentos populares.

“Para substituir um manicômio é necessário uma rede. O que não tem acontecido principalmente dentro do interior do Estado onde a visão ainda é autoritária, com políticas prescritivas de difícil diálogo. Ainda existem trabalhos focados em diagnósticos e medicamentos. O manicômio atual precisa ser rompido do ponto de vista da formação dos profissionais e das práticas trabalhistas. E hoje ainda temos, com o advento das redes sociais, o desafio dos pré-diagnósticos da população”, afirma Sandra.

A reforma antimanicomial tem em torno de 40 anos desde as primeiras mobilizações e formulações. A primeira marca foi o encontro de Bauru (SP), em 1987, onde se decidiu transformar a luta que era do movimento dos trabalhadores e do movimento popular na luta antimanicomial. 

“Precisamos olhar o passado para desenhar o futuro e ver no presente qual é a nossa semeadura. Muitos de nós da saúde mental e sanitária no processo de democratização fomos para lugares de gestão. Um dos desafios foi ter métodos de organização e ação cotidiana coerentes com esses princípios. Isso não se faz porque se conquistou a lei. Todo o nosso trabalho foi buscar essa coerência junto a um Estado autoritário que até então não tinha participação pública. Outro desafio são os recursos financeiros, materiais, humanos, da saúde mental. Como esses profissionais vão trabalhar, que processos de trabalho vão desenvolver”, conclui Sandra.


Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Katia Marko