Reunidas nos icônicos degraus da Universidade de Havana, nesta segunda-feira (25) milhares de pessoas homenagearam o emblemático líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, no oitavo aniversário de sua morte.
Nascido em 13 de agosto de 1926 numa pequena cidade da província de Holguín, Fidel morreu aos 90 anos de idade no dia 25 de novembro de 2016. Como nenhum outro líder do continente, o nome de Fidel está intimamente ligado à história recente da América Latina e do Caribe.
Sua figura atravessa toda a história das rebeliões populares que sacudiram o mundo durante a segunda metade do século 20. Desde suas ações internacionalistas, quando ainda era um jovem estudante, exigindo a destituição do ditador dominicano Rafael Trujillo. Até a sua trajetória como líder político, com sua amizade com Che Guevara e sua liderança no triunfo da revolução cubana, com apenas 33 anos de idade.
Desde seu papel na Crise dos Mísseis, quando o mundo parecia estar à beira de uma hecatombe nuclear, até sua atitude em relação ao colapso da União Soviética e sua liderança durante o Período Especia, nos anos 1990. A liderança de Fidel nas lutas contra o colonialismo e o apartheid na África. Sua amizade com líderes do porte de Salvador Allende, Nelson Mandela e Hugo Chávez. Até mesmo seu papel na integração regional da América Latina e do Caribe durante a primeira década do século 21.
Assim como a cada ano, desde sua partida física, o evento em homenagem a Fidel foi organizado pela União de Jovens Comunistas, organização politica-juvenil de Cuba. Com diversas apresentações artísticas, leituras de poesias, dança e música ao vivo, o evento político-cultural contou com a presença do Presidente da República de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, assim como de outras altas autoridades do governo cubano e do Partido Comunista de Cuba.
A única oradora do evento foi a primeira secretária-geral da Liga de Jovens Comunistas, Meivys Estévez Echevarría, que afirmou ser parte de uma geração que “deve enfrentar a adversidade e nunca perder a esperança”.
“Estamos em todos os eletricistas, educadores, médicos e todos os cubanos que lutam por um país melhor. Fidel e sua geração nos deram uma obra que nunca deixaremos cair”, disse.
Um legado a ser construído
Em entrevista ao Brasil de Fato, Ernesto Teuma, professor de 29 anos da Universidade das Artes, destaca que a Revolução Cubana está se aproximando, em menos de dois anos, ao centenário do nascimento de Fidel. Em sua opinião, esse fato obriga a sua geração a fazer uma “revisão do século 20 cubano, do qual ele faz parte e que, de alguma forma, termina com sua morte”.
“Acho que é urgente, embora talvez nunca tenha deixado de ser, mas agora mais do que nunca, construir e recuperar o legado de Fidel. Não como um ícone. Mas como parte da memória afetiva e cultural da Cuba Revolucionária dos últimos 65 anos. Acredito que Fidel foi um ponto de referência ético capaz de sintetizar um estilo de produção de política revolucionária. E isso faz de sua figura uma espécie de orientação para estes tempos turbulentos”.
Teuma ressalta que os oito anos que se passaram “são um alerta sobre as tarefas inacabadas de construir coletivamente seu legado de forma a evitar as simplificações, as banalizações de um trabalho prático e teórico, que são essenciais para nós hoje”.
Fazer uma revolução por nós mesmos
“Falar sobre Fidel é também falar sobre como percebemos os processos nos quais ele, de uma forma ou de outra, sempre esteve envolvido”, diz Gabriela Fernández, professora de história de 26 anos, ao Brasil de Fato.
“Sinto que talvez não estivéssemos tão preparados quanto pensávamos para seguir em frente sem ele. E isso deve nos levar a repensar muitas coisas. Uma delas é justamente a relação que temos com a figura dele”, reflete.
Gabriela ressalta que, nesses oito anos sem Fidel, tem sido muito difícil “imaginar como continuar a Revolução sem o Comandante”. E, no entanto, ela ressalta que essa é a tarefa geracional que os jovens devem assumir.
“Cabe a nós continuar fazendo a revolução. Entender que as coisas mudam, que os tempos mudam. Fidel criou as possibilidades de fazer um país que, a cada dia, se pareça mais e mais com este povo e com nós mesmos. Mas isso não será alcançado se voltarmos constantemente à nostalgia do passado. Por mais importante que seja olhar para o nosso passado. Porque, no final, sinto que devemos isso a ele, devemos isso a Fidel, aprender a fazer uma revolução por nós mesmos.
Edição: Rodrigo Durão Coelho