A Articulação Continental de Movimentos Sociais e Populares, a Aliança Bolivariana para as Américas (ALBA Movimentos), uma plataforma de cooperação internacional entre países da América Latina e do Caribe, lançou uma campanha financeira nesta terça-feira (26) de suporte a Cuba, após o país passar por uma grave crise de energia elétrica, causada pelos bloqueios políticos e econômicos dos EUA contra o país caribenho que impossibilita Cuba de negociar combustíveis de outros países. Esta situação se agravou depois que diversos furacões e ciclones atingiram o país.
Nas últimas semanas, o déficit na demanda de geração de eletricidade do país aumentou principalmente durante os horários de pico. No entanto, com as sanções impostas pelos Estados Unidos, o país não consegue obter insumos necessários para alimentar a rede elétrica.
Isso significa que muitas famílias estão enfrentando apagões prolongados de 14 a 16 horas por dia, e os estabelecimentos de serviço e comércio não conseguem funcionar normalmente.
Cuba também enfrentou dois ciclones no último mês, sendo o mais recente o furacão Rafael, que atingiu o oeste da ilha em 6 de novembro com ventos de mais de 180 km/h. Os danos foram catastróficos para a estrutura da região, especialmente na província de Artemisa, onde estragos ao sistema elétrico deixaram grande parte da população sem serviço.
Segundo a Alba, a crise no país caribenho é resultado de uma estratégia sistemática por parte dos Estados Unidos "de destruição planejada, que busca enfraquecer as condições materiais e emocionais de vida do povo cubano. O bloqueio econômico imposto pelos EUA priva Cuba dos recursos financeiros necessários para manter os serviços essenciais."
"O bloqueio dos EUA impede o acesso a recursos essenciais para manter os serviços básicos. Em apenas 18 dias, o dano acumulado é equivalente ao custo anual de manutenção de todo o sistema elétrico do país" informou a Alba.
"A resistência histórica do povo cubano, que enfrentou esse tipo de agressão por gerações, agora está ameaçada pelo descontentamento e pela desesperança de alguns setores da população", alertou o movimento.
"Esses sentimentos, embora legítimos, estão sendo usados por grupos contrarrevolucionários dentro e fora do país para tentar desestabilizar a Revolução Cubana, usando táticas de pressão psicológica e desinformação para induzir uma explosão social", completou.
Nesse contexto, a solidariedade internacional se tornou crucial para apoio ao país caribenho e ao povo cubano. "As organizações sociais e populares da região e do mundo devem denunciar o papel histórico e atual do imperialismo estadunidense nessa crise, pressionar seus governos a tomar medidas concretas em apoio ao povo cubano e repudiar qualquer posição na ONU que apoie o bloqueio", ressaltou a Alba.
Para a coleta de doações que serão enviadas para Cuba, a Alba disponibilizou duas contas bancárias:
Banco Financiero Internacional (BFI)
Número: 0300000005336242
Código SWIFT: BFICCUHHXXX
Banco Internacional de Comercio (BICSA)
Número: 0407610081870041
Código SWIFT: BIDCCUHHXXX
Solidariedade internacional
As doações do Brasil se somam às diversas iniciativas de solidariedade que se têm manifestado no último mês com Cuba. Na última sexta-feira (22), a ONU anunciou que ampliou para US$ 78,3 milhões (R$ 440 milhões) os recursos que destinará a Cuba em resposta aos desastres naturais ocorridos na ilha.
Diferentes governos, como os do México, Venezuela, Japão e Rússia, também expressaram seus compromissos de ajuda a Cuba.
O governo venezuelano enviou um segundo navio com uma carga de 200 toneladas de ajuda em materiais de construção e apoio comunitário. Depois de ter enviado mais de 300 toneladas de doações em 6 de novembro. Igualmente, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse que enviará cerca de 400 mil barris de petróleo bruto à ilha para ajudar a mitigar a crise energética.
Bloqueio dos EUA
Durante coletiva de imprensa realizada em São Paulo no fim de outubro, Roque Lazo, da Secretaria Operacional da Alba, analisou a atual crise energética no país e afirmou que os bloqueios políticos e econômicos contra o país caribenho ocasionaram, propositalmente, a queda do sistema de energia do país.
"A causa fundamental [do apagão] tem a ver com a saída de sistemas fornecedores de eletricidade e combustível insuficiente para suprir os equipamentos", afirmou Lazo. Segundo Lazo, a verdadeira responsável pela crise é "a política de bloqueios dos EUA sobre Cuba, que não conta com os suprimentos necessários. Por conta das sanções, não tem como Cuba ter dinheiro para pagar os provedores de combustíveis para as estações de energia".
Edição: Rodrigo Durão Coelho