EDUCAÇÃO

Estudantes cotistas alcançaram taxa de conclusão acima da média da UFPR em 2023

Mais de 60% dos alunos cotistas concluíram a graduação; entre os não cotistas, o índice foi de 52%

Curitiba | Brasil de Fato PR |
Enquanto a média geral de conclusão na UFPR foi de 57%, os alunos cotistas registraram um índice de 67%, superando a taxa de 52% entre os não cotistas - Marcos Solivan

Dados divulgados pelo Censo da Educação Superior 2023 mostram que, na Universidade Federal do Paraná (UFPR), os estudantes que ingressaram por meio do sistema de cotas alcançaram uma taxa de conclusão de graduação mais alta do que os alunos que não são cotistas. Enquanto a média geral de conclusão na UFPR foi de 57%, os alunos cotistas registraram um índice de 67%, superando a taxa de 52% entre os não cotistas.

A pesquisa, realizada pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), também revelou dados semelhantes no âmbito do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Alunos beneficiados pelo programa apresentaram uma taxa de conclusão de 49%, enquanto entre os não beneficiados, o índice foi de 34%.

A política de cotas, instituída pela Lei nº 12.711/2012 e atualizada em 2023, destina metade das vagas das universidades federais a estudantes de baixa renda, além de garantir reserva para quilombolas, pessoas com deficiência e autodeclarados pretos, pardos ou indígenas. A reforma da lei, aprovada neste ano, também fortaleceu ações de permanência acadêmica, com ênfase em apoio psicológico e assistência financeira para cotistas.

Impacto das políticas de inclusão

Na UFPR, o aumento das taxas de conclusão é visto como um reflexo direto da implementação dessas políticas de inclusão. "Esses números mostram o sucesso das políticas de cotas. Eles refletem que os estudantes cotistas não apenas ocupam suas vagas, mas conseguem concluir seus cursos com um desempenho admirável", afirma Júlio Gomes, Pró-reitor de Graduação da universidade.

A universidade, por meio da Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (Prae) e da Superintendência de Inclusão, Políticas Afirmativas e Diversidade (Sipaf), implementou programas para ajudar na permanência dos cotistas, incluindo bolsas de estudo, auxílio alimentação e acompanhamento psicológico. Esses esforços visam combater a evasão e garantir que os alunos enfrentem menos barreiras durante sua trajetória acadêmica.

Inclusão transforma vidas

A experiência de Patrick Rodrigues, formado em Design de Produtos, ilustra o impacto das políticas de inclusão na vida dos estudantes. Aluno cotista de baixa renda, Patrick afirma que o suporte da Prae foi essencial para sua permanência na universidade. "As políticas de permanência foram fundamentais para eu conseguir continuar na faculdade, especialmente em um curso que demanda muitos gastos com materiais e impressões", relata.


Além do suporte financeiro, Patrick teve acesso a atendimento psicológico gratuito. / Foto: Arquivo Pessoal

Ana Laura, estudante de Medicina e cotista PCD, destaca a importância do sistema de cotas para seu ingresso na universidade. "Sem a lei de cotas, eu jamais teria conseguido entrar na universidade. Essas ações são fundamentais para garantir que todos tenham as mesmas oportunidades de acesso ao ensino superior", afirma.

Desafios e Avanços

Mayane Santos, estudante de Serviço Social e a primeira de sua família a ingressar em uma universidade pública, também é beneficiária do sistema de cotas. Embora reconheça a importância das cotas para garantir o acesso ao ensino superior, ela aponta a necessidade de um maior investimento na qualidade da educação. “Atualmente, a lei de cotas é fundamental para permitir o acesso de alguns grupos ao ensino superior. Ela é uma ótima medida provisória. Mas ainda há a necessidade de mudança nas políticas públicas atuais para prover acesso à educação de qualidade”, afirma.

*A matéria foi produzida com informações da UFPR, por Gabriel Maia.

Fonte: BdF Paraná

Edição: Mayala Fernandes