Na abertura da segunda sessão de discursos da Cúpula de Líderes do G20, nesta segunda-feira (18), o presidente anfitrião, Luiz Inácio Lula da Silva, mandou alguns recados, sobretudo para a extrema direita, representada no encontro pelo presidente argentino, Javier Milei. “Não é surpresa que a desigualdade fomente ódio, extremismo e violência. Nem que a democracia esteja sob ameaça. A globalização neoliberal fracassou”, disse o mandatário.
Lula citou ainda impasses criados pelo governo argentino em torno de discussões multilaterais como a crise climática. “Impasses recentes em torno do Tratado de Pandemias, do Pacto para o Futuro e da COP da biodiversidade de Cáli mostram que a diplomacia vem perdendo terreno para a intransigência”, disse o presidente.
Sobre o tema da sessão, Lula afirmou que “a estabilidade mundial depende de instituições mais representativas” e defendeu a multipolaridade como o caminho para a paz. Nesse sentido, fez críticas ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), e ao que chamou de “uso indiscriminado do veto”.
“A omissão do Conselho de Segurança tem sido ela própria uma ameaça à paz e à segurança internacional. O uso indiscriminado do veto torna o órgão refém dos cinco membros permanentes. Do Iraque à Ucrânia, da Bósnia a Gaza, consolida-se a percepção de que nem todo território merece ter sua integridade respeitada e nem toda vida tem o mesmo valor. Intervenções desastrosas subverteram a ordem no Afeganistão e na Líbia. A indiferença relegou o Sudão e o Haiti ao esquecimento. Sanções unilaterais produzem sofrimento e atingem os mais vulneráveis”, declarou o presidente, diante de chefes de governos de países que estão ou estiveram envolvidos nas guerras mencionadas.
Finalmente, o presidente brasileiro defendeu uma concertação internacional para a tributação de fortunas como forma de financiar as soluções ao problema da fome e da emergência climática. “A cooperação tributária internacional é crucial para reduzir desigualdades. Estudos encomendados pela Trilha de Finanças do G20 são reveladores. Uma taxação de 2% sobre o patrimônio de indivíduos super-ricos poderia gerar recursos da ordem de 250 bilhões de dólares por ano para serem investidos no enfrentamento dos desafios sociais e ambientais do nosso tempo”, ressaltou.
Os discursos dos demais chefes de Estado presentes na cúpula não foram transmitidos. Com esta sessão, se encerram os trabalhos do primeiro dia de Cúpula de Líderes do G20. Nesta terça-feira (19), último dia de reuniões, haverá uma sessão temática derradeira, que abordará a crise climática e seus efeitos sobre as populações mais vulneráveis. Em seguida, será realizada a sessão de encerramento, com a transmissão da presidência rotativa do bloco à África do Sul, que vai liderar o bloco pelo próximo ano.
Edição: Martina Medina