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Coluna

A China chegou e precisamos falar dela

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Bandeiras chinesas hasteadas durante comemoração do 75º aniversário da República Popular da China, em Macau. - Eduardo Leal / AFP
A presença chinesa nas nossas vidas vai muito além da economia

Não é difícil notar a efervescência cultural que desembarcou no Rio nos últimos dias, não é mesmo?! Hoje, quero falar sobre um país específico, que tem suma importância para a economia mundial e muitas vezes é alvo de estereótipos pejorativos por parte de preconceituosos. E não é à toa que estou falando da China. Neste ano, celebramos cinquentenário das relações diplomáticas entre o grande país asiático e o Brasil, e muito tem se falado sobre esse país tão diferente do nosso.

Podemos perceber em jornais, revistas, podcasts e nas redes sociais o quanto a China tem se tornado mais presente aqui no Brasil. São empresas, mercadorias, gastronomia, produções audiovisuais e mais uma infinidade de criações vindas desse país com o qual nos familiarizamos mais e mais, todos os dias.

Essa aproximação se explica pelo que a China vem construindo nas últimas décadas e pela postura que assumiu diante do mundo.

Por muito tempo, a grandiosidade da China foi bloqueada por um sistema internacional governado, quase exclusivamente, pelos interesses dos Estados Unidos e dos países centrais da Europa. A partir do final da década de 1970 e do início da década de 1980, várias reformas econômicas e institucionais foram feitas na China, colocando em marcha um plano de desenvolvimento sem precedentes. O plano deu certo.

A gigantesca transformação, que vários jornalistas e autores ocidentais chamaram de milagre chinês, não tem nada de milagre. É, na verdade, o resultado de planejamento, de comprometimento e de muito trabalho.

De país pobre, predominantemente agrário, a China desponta como potência mundial e, há 15 anos, é o maior parceiro comercial do Brasil, trazendo investimentos, tecnologia e experiência em planejar o futuro.

No plano internacional, a China tem se colocado como um ator crucial, que assume grandes responsabilidades no sentido de transformar as relações econômicas e políticas de um mundo que precisa cooperar.

Estive recentemente, a convite do professor Evandro Menezes de Carvalho, da Universidade Federal Fluminense (UFF), no 3º Fórum China-Brasil: Intercâmbios e Aprendizagens Mútuas, ocasião em que pude ouvir e falar sobre o que queremos do futuro dessa relação tão frutífera entre nossos países. Como membro da Frente Parlamentar Brasil-China, da Alerj, me senti muito honrada de estar ao lado de tanta gente inspiradora. Ao lado de todo o interesse pela tecnologia e pelas trocas econômicas estava muito presente a noção de que não é possível simplesmente pensar em modernizar e sofisticar sistemas produtivos sem ter como referência o desenvolvimento humano. Não podemos só aprimorar máquinas sem alimentar as pessoas, fortalecer as culturas e valorizar nossa diversidade.

Há muito tempo parece ter se perdido o sentido do termo ‘comunidade’. Desaprendemos ou talvez nunca tenhamos aprendido a pensar em como trabalhar juntos por objetivos comuns, cooperativamente. Tudo, na maneira como o mundo se organizou até hoje, nos incentiva somente a competir, brigar por espaço e não a construir o nosso espaço de maneira inclusiva, para termos todos aquilo de que precisamos.

A ideia de ‘concorrência’ não é só um elemento da economia. Sem a devida crítica, ela é um agente colonizador do nosso pensamento, que nos individualiza e nos cega para a construção do bem comum.

Convido vocês a pensarmos juntos em um futuro harmonioso e verdadeiramente próspero, no qual a humanidade possa partilhar os frutos de seu trabalho, trazendo em pauta transformações profundas cujo objetivo principal seja a busca pela igualdade.

Desejo que nesta cúpula do G20, o Brasil se alie a essa grande companheira para a construção de um mundo menos desigual, ambientalmente responsável e comprometido com o bem-estar e com a felicidade dos seres humanos. A China chegou, e nós lhe damos boas-vindas!

Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

Edição: Vivian Virissimo