O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem defendendo em reuniões internas que o pacote de gastos a ser proposto pelo Ministério da Fazenda inclua também militares, políticos e empresas. A informação é do colunista Tales Faria, do portal UOL, durante participação dele no programa Análise da Notícia, do mesmo veículo.
De acordo com o jornalista, o presidente tem dito em reuniões com ministros que pretende enviar ao Congresso uma proposta que tenha impacto não apenas para os do "andar de baixo", mas também para a "turma de cima". Isso incluiria emendas parlamentares, aposentadorias de militares e subsídios a empresas.
A estratégia, conforme apuração do colunista, é enviar um pacote que justifique os cortes em ganhos dos trabalhadores com a contrapartida de mexer também nos benefícios dos mais ricos. Ainda não há uma definição de como isso será feito.
O discurso adotado por Lula seria uma forma de acalmar os ânimos entre os ministros, especialmente o da Previdência, Carlos Lupi, e do Trabalho, Luiz Marinho. As discussões no governo incluem os ministérios da Saúde, Educação, Trabalho, Previdência e Desenvolvimento Social.
O presidente, apontou o jornalista, espera reações do Congresso e do Judiciário, mas acredita que esta é uma forma de todos serem expostos pelas medidas. "O argumento do presidente é que tudo bem, todo mundo tem direito de reclamar, mas tem que se expor ao julgamento da sociedade tanto quanto do governo", disse Tales Faria.
Nesta terça-feira (12), Lula e a equipe econômica teriam novas rodadas de reuniões com integrantes do Ministério da Defesa e da Casa Civil. O tema ainda será pauta de agendas com os presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ao falar sobre o pacote em entrevista para a Rede TV no domingo (10), Lula disse que está em um processo de discussão "muito sério com o governo". "Porque eu conheço bem o discurso do mercado, a gana especulativa do mercado, e eu, às vezes, acho que o mercado age com uma certa hipocrisia", declarou.
Apesar de Lula reconhecer as pressões do capital e dizer que está atento a isso, movimentos populares e entidades de trabalhadores temem cortes em investimentos de programas sociais importantes. Um manifesto assinado por essas organizações, além de acadêmicos, políticos e parlamentares, critica as políticas de austeridade fiscal.
O texto argumenta que as medidas são um "ataque direto aos direitos sociais, buscando comprimir o que é garantido pela Constituição para que caiba dentro de um teto de gastos artificialmente limitado".
Edição: Thalita Pires