Tiro de fuzil

PM acusado de matar Ágatha Félix, de 8 anos, é absolvido por júri popular no RJ; família e MP vão recorrer

Justiça entende que o policial disparou o tiro que entrou nas costas da criança em 2019, mas 'sem intenção de matar'

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
ágatha félix
Morta com um tiro de fuzil em 2019, Ágatha Felix, de oito anos, dá nome à lei que prevê a garantia de prioridade na investigação de crimes contra a vida de crianças e adolescentes - Reprodução

O policial militar do Rio de Janeiro Rodrigo José de Matos Soares, apontado como quem fez o disparo de fuzil que matou Ágatha Vitória Sales Félix, então com oito anos, foi absolvido por júri popular na madrugada deste sábado (9). A criança foi baleada nas costas em setembro de 2019 no Complexo do Alemão, quando estava dentro de uma Kombi com sua mãe, Vanessa Francisco Sales. 

O 1º Tribunal do Júri da Capital do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro entendeu que o policial, acusado de homicídio qualificado, de fato atirou, mas "não teve a intenção de matar". O veredito causou comoção e revolta na família de Ágatha.  O Ministério Público (MP), que apresentou a acusação, e a defesa da família da menina Ágatha afirmam que vão recorrer contra da decisão.

Presidido pelo juiz Cariel Patriota, o julgamento durou pouco mais de 12 horas e ouviu dez testemunhas: cinco policiais militares indicados pela defesa do cabo e outras cinco indicadas pelo MP. O júri, definido a partir de sorteio dos 21 nomes convocados, foi composto por cinco homens e duas mulheres. 

Ágatha foi morta três dias depois que um policial havia sido assassinado no Complexo do Alemão. De acordo com os investigadores da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), o cabo Rodrigo José de Matos Soares atirou depois de ver dois homens em uma moto e confundir a esquadria de alumínio que um deles carregava com uma arma.  

Os policiais que prestaram depoimento afirmam que a dupla da moto passou atirando, versão contestada pela família e as testemunhas de acusação.  

Segundo a investigação, um dos tiros disparados por Soares ricocheteou em um poste, atravessou a traseira da Kombi e atingiu a menina, que estava sentada no banco traseiro. 

Vanessa, a mãe de Ágatha, contou em depoimento que demorou para entender o que tinha acontecido. "Aconteceu um barulho que parecia uma bomba e ela gritando: 'Mãe, mãe, mãe'. Eu falando: 'Filha, calma'". Pouco antes do julgamento, Vanessa declarou que há cinco anos estava esperando por este dia.  

Edição: Martina Medina