O prefeito Ricardo Nunes (MDB) foi reeleito prefeito de São Paulo, neste domingo (27). Com 90,11% das urnas apuradas e a eleição já definida matematicamente, o emedebista estava com 59,57% dos votos, enquanto Guilherme Boulos (Psol) ficou com 40,43%.
Apesar do crescimento de Boulos na reta final, a vitória do atual prefeito era esperada, de acordo com as pesquisas de intenções de votos publicadas entre o primeiro e segundo turno, que chegaram a registrar uma diferença de 22% entre os candidatos, com vantagem para Nunes. No último Datafolha, divulgada neste sábado (26), o prefeito tinha 57% das intenções de voos e Boulos, 43%.
Nunes foi o candidato do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e de Jair Bolsonaro (PL). A relação de apoio com o ex-presidente, no entanto, pareceu envergonhada. Ele apareceu na agenda do candidato do MDB apenas duas vezes, com uma diferença de quase três meses entre as agendas.
A primeira aparição, há cerca de dois meses e meio, foi na convenção que oficializou a candidatura do emedebista à reeleição no dia 3 de agosto. A segunda foi na última semana de campanha para um almoço e um culto na Igreja Sara Nossa Terra.
Ambos também estiveram juntos na manifestação da direita na Avenida Paulista, no 7 de Setembro, mas o evento não foi colocado como agenda oficial de campanha. O ex-presidente e o atual prefeito, no entanto, não apareceram lado a lado, e Nunes ficou escondido em meio aos outros políticos que ocuparam o trio elétrico patrocinado pelo pastor Silas Malafaia.
O entendimento era que o posicionamento radical do ex-presidente prejudicaria o desempenho de Nunes entre os eleitores paulistanos, tendo em vista que Bolsonaro perdeu as eleições de 2022 na capital.
Apesar do distanciamento, Bolsonaro deve indicar nomes para o secretariado do novo mandato, como disse o próprio Nunes à imprensa durante o debate da TV Record no primeiro turno.
O Partido Liberal, do ex-presidente, é uma das 12 siglas que integram a coligação da candidatura de Nunes. “Ele é o presidente de honra do PL”, disse o prefeito. Bolsonaro é responsável por indicar o nome à candidatura de vice de Nunes, o coronel da Polícia Militar Ricardo Mello Araújo.
Do outro lado, Guilherme Boulos (Psol) foi o candidato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mimetizando a polarização que ocorre a nível nacional entre PT e PL. O atual presidente veio para São Paulo apenas duas vezes: para um comício no bairro do Campo Limpo, na zona sul da cidade, e para uma caminhada na Avenida Paulista, na região central. Outras agendas estavam previstas, mas em uma delas o presidente precisou viajar ao México e em outra sofreu um acidente doméstico e não pôde viajar.
Acusações sem provas no dia da eleição
Há poucas horas no encerramento da votação, por volta das 14h, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas disse que a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) teria orientado votos para Boulos, mas sem apresentar provas.
As declarações de Tarcísio ocorreram no Colégio Miguel de Cervantes, na zona sul da capital paulista, local de votação do governador. "Teve o salve. Houve interceptação de conversas, de orientações que eram emanadas de presídios por parte de uma facção criminosa orientado determinadas pessoas em determinadas áreas a votar em determinados candidatos. Houve essa ação de interceptação, de inteligência, mas não vai influenciar as eleições", afirmou o governador.
“Isso aconteceu em São Paulo, disseram que era para votar no outro”, disse. Questionado por um jornalista sobre qual era o candidato indicado pelo PCC, Tarcísio respondeu: "Boulos".
Logo depois, o candidato do Psol afirmou que a acusação é o laudo falso do segundo turno, referindo-se ao falso documento publicado por Pablo Marçal (PRTB) dois dias antes do primeiro turno que associou o Boulos ao uso de cocaína.
“Aconteceu algo extremamente grave, uma declaração irresponsável e mentirosa do governador Tarcísio de Freitas, ao lado do meu adversário, querendo atribuir que crime organizado, PCC, teria orientado voto em mim, sem apresentar nenhum tipo de prova. Esse é o laudo falso do segundo turno”, disse Boulos, em coletiva de imprensa em frente à sua casa, no bairro do Campo Limpo, na zona sul da capital.
“É uma coisa inacreditável o que está acontecendo, neste momento, em São Paulo, para tentar influenciar as eleições. Para, mais uma vez, como fizeram na campanha toda, tentar botar medo nas pessoas”, criticou o candidato derrotado.
Edição: Rodrigo Chagas