Desde a última terça-feira (15), João Campos (PSB), que se reelegeu prefeito de Recife (PE) com impressionantes 78% dos votos, está em "turnê" por capitais do Norte e Nordeste para cooperar com candidaturas progressistas.
A primeira capital que recebeu o prefeito de Recife foi Fortaleza (CE), onde Evandro Leitão (PT) tenta confirmar a virada na corrida eleitoral pela prefeitura local, contra o bolsonarista André Fernandes (PL). Campos chegou na cidade cearense no dia 15 de outubro.
No dia 21, Campos esteve em Belém (PA), para apoiar Igor Normando (MDB), candidato à Prefeitura local pelo grupo político da família Barbalho, que lidera a corrida eleitoral contra o bolsonarista Eder Mauro (PL).
Helder Barbalho (MDB), governador do Pará, é aliado do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A chegada de Campos reforçou o palanque de Normando, que já tinha o Psol e PT.
"Estamos com os prefeitos mais bem votados do Brasil entre as capitais. Aqui nesse palanque só tem campeão", bradou Helder Barbalho, ao anunciar a chegada de Campos ao ato em apoio a Normando.
Nesta quarta-feira (24), Campos chegou a Natal (RN) para apoiar a candidatura de Natália Bonavides (PT), que tenta reverter a vantagem de Paulinho Freire (UB), que lidera as pesquisas sobre o segundo turno para a prefeitura da capital potiguar.
Campos, sim. PT, não
O cientista político Paulo Niccoli Ramirez, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), aponta João Campos como uma possibilidade de quadro nacional futuro para o campo progressista.
"Em termos de renovação de lideranças políticas, a esquerda hoje sofre uma crise tremenda. Claro que o Lula é uma figura importantíssima, é carismático e conversa com muitos setores da sociedade, mas a esquerda não conseguiu projetar um nome. Tem o Boulos, mas ele é muito forte em São Paulo, não no país", explica o cientista político.
Ainda de acordo com Ramirez, o prefeito de Recife consegue penetrar em espaços onde o antipetismo prevalece, impedindo que haja algum discurso concorrente ao imposto pela direita.
"O João Campos, o PSB principalmente, consegue ter maior diálogo com outros partidos, mesmo os conservadores, e maior tolerância do eleitorado. Passamos os últimos anos vendo muita crítica ao PT e ao Lula. O João Campos consegue ser uma figura jovem, muito atuante nas redes sociais, tem compromisso com movimentos sociais e tem o histórico da sua família. Em diversos setores e regiões, ele consegue dialogar, mas o PT, não", finaliza.
Edição: Nicolau Soares