APOIO DIVERSO

Eleições EUA: campanha de Kamala inclui vencedores do Nobel, Obama rapper e estrelas pornô

Dezenas de ganhadores do Nobel assinaram uma carta aberta apoiando a democrata e contra o plano econômico de Trump

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
A candidata democrata Kamala Harris recebeu apoio de 82 laureados pelo Nobel, além do apoio de atrizes pornô dos EUA. Barack Obama solta voz durante campanha em Detroit com o rapper Eminem - Allison Joyce / AFP

Nos últimos dias de campanha para as eleições nos EUA de 5 de novembro, Kamala Harris ganhou o apoio público de nomes diversos, como estrelas pornô e ganhadores do prêmio Nobel, além de cenas inusitadas nos comícios democratas.

Na quarta-feira (23), atrizes da indústria pornô estadunidense lançaram a campanha #HandsOffMyPorn ("tire as mãos do meu pornô", em tradução literal). Foram investidos US$ 200 mil (R$ 1,2 milhão, aproximadamente) pela Artist United for Change em anúncios em sites adultos, alertando que importantes aliados de Trump querem banir a pornografia e prender as estrelas pornôs.

Donald Trump, que já teve um caso extraconjugal com uma atriz pornô, poderá banir o setor se voltar à Casa Branca, alertam os atores de filmes adultos na campanha, que incentiva os jovens a votarem contra o republicano.

A campanha busca enfrentar o Projeto 2025, um plano de aliados de Trump para reformar o governo federal. O prefácio do projeto de 900 páginas diz: “A pornografia deve ser banida. As pessoas que a produzem e distribuem devem ser presas”.

Trump tentou distanciar sua imagem pública do Projeto 2025, mas dezenas de aliados e ex-membros de governo do republicano coescreveram o documento. Os democratas alegam que muitas das propostas se sobrepõem às do candidato republicano.

Os “anúncios de utilidade pública”, como foram chamados durante as transmissões, impactam usuários em estados-pêndulos, como Pensilvânia, Arizona e Geórgia, quase sempre antes de assistirem a vídeos adultos.

A campanha #HandsOffMyPorn tem como alvo principal os homens, que consomem quatro vezes mais pornografia do que as mulheres, segundo o Institute for Family Studies. A menos de duas semanas para a decisão de uma eleição acirrada entre Harris e Trump, as pesquisas mostram uma grande divisão de gênero entre os eleitores. Donald Trump tem um apoio mais forte dos eleitores do sexo masculino.

Obama rapper

Em campanha democrata na cidade de Detroit, no estado do Michigan, na terça-feira (22), o ex-presidente Barack Obama desafrouxou o cinto por um momento e mostrou seus dotes musicais. Após ser apresentado por Eminem, Barack Obama cantou os versos iniciais da música Lose Yourself do rapper estadunidense.

Antes de anunciar Obama, Eminem chamou os residentes de sua cidade natal a "saírem às ruas para votar".

Vencedores do Nobel com Kamala

Oitenta e dois ganhadores do prêmio Nobel firmaram apoio à democrata Kamala Harris, em carta aberta. O documento, divulgado pela emissora estadunidense CNN, contém a assinatura de ganhadores dos prêmios de Medicina, Química e Física, além de 23 assinaturas de laureados pelo Nobel de Economia.

"Embora tenhamos opiniões diferentes sobre as particularidades de várias políticas econômicas, acreditamos que, no geral, a agenda econômica de Harris melhorará a saúde, o investimento, a sustentabilidade, a resiliência, as oportunidades de emprego e a justiça de nossa nação e será muito superior à agenda econômica contraproducente de Donald Trump", explicita o documento.

Segundo a emissora, a iniciativa foi de Joseph Stiglitz, professor da Universidade de Columbia e ganhador do prêmio em 2001. O apoio vem após o detalhamento da equipe da democrata sobre os planos de governo no setor econômico, divulgados no mês passado.

Para os economistas que assinaram o documento, os planos de Trump "levarão a preços mais altos, déficits maiores e maior desigualdade". Uma das promessas de campanha de Trump é aumentar as tarifas sobre todas as importações, além de impostos regressivos para empresas e pessoas físicas.

Stiglitz declarou que, além dos planos econômicos de Harris, a iniciativa também é contra a "enormes cortes nos orçamentos científicos" de Trump, por sua "posição anticientífica".

Harris na Geórgia, Trump comparando UE com China

A democrata Harris estará pela primeira vez no palco com o ex-presidente Barack Obama, além do roqueiro Bruce Springsteen, nesta quinta-feira (24), no estado-pêndulo da Geórgia. O que está em jogo nas eleições presidenciais de 5 de novembro, segundo ela, é a defesa da democracia frente aTrump, a quem considera "cada vez mais desequilibrado" e interessado em um "poder sem controle".

Kamala segue empatada tecnicamente nas pesquisas com o republicano. A vice-presidente mantém uma vantagem de 46% a 43% sobre o ex-presidente republicano Donald Trump, nas intenções de voto para as eleições presidenciais dos Estados Unidos marcadas para 5 de novembro, segundo uma nova pesquisa Reuters / Ipsos.

Esta semana, Harris insistiu mais do que nunca que Trump nunca aceitou sua derrota eleitoral em 2020 para Joe Biden e não deu garantias de que vai reconhecer os resultados daqui a 12 dias. 

Na terça-feira (29), Harris fará "uma argumentação final" contra Trump em Washington, no local onde o ex-presidente discursou para os seus simpatizantes antes que eles atacassem o Capitólio em 6 de janeiro de 2021 em uma tentativa de evitar o reconhecimento da vitória de Biden.

Trump, que chama Harris de "estúpida" e Obama de um "verdadeiro idiota", viaja ao Arizona, no sudoeste do país. O estado é um dos sete decisivos na eleição, ao lado de Geórgia, Carolina do Norte, Pensilvânia, Michigan, Wisconsin e Nevada.

O candidato de 78 anos fará um comício para falar da crise da habitação, e depois irá a Las Vegas para se dirigir aos jovens ultraconservadores. Ele raramente se atém às questões e, de qualquer forma, sempre fala sobre o que considera uma prioridade: a migração ilegal.

Durante uma entrevista de rádio nesta quinta, o magnata comparou a UE a uma "mini-China" em matéria comercial. "Não levam nossos carros, não levam nossos produtos agrícolas, não levam nada", reclamou. "A UE é uma mini China, mas não tão mini", acrescentou.

*Com AFP

Edição: Rodrigo Durão Coelho